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Pague Menos ganha fôlego extra após aquisição da Extrafarma

Família Queirós e General Atlantic garantem pelo menos R$ 328 milhões para redução da alavancagem e retomada do crescimento orgânico

Pague Menos: companhia faz emissão de ações para melhorar estrutura de capital (Leandro Fonseca/Exame)

Pague Menos: companhia faz emissão de ações para melhorar estrutura de capital (Leandro Fonseca/Exame)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de agosto de 2023 às 07h44.

A Pague Menos anunciou um aumento de capital privado que pode chegar a R$ 533 milhões, numa operação que vai dar fôlego financeiro à empresa para retomar a expansão orgânica um ano após a conclusão aquisição da Extrafarma, que a transformou na segunda maior rede de drogarias do país.

A família Queirós e a General Atlantic, que tem 65,5% e 16% do negócio, respectivamente, estão dando um sinal de confiança ao mercado, mantendo sua participação com um aporte de R$ 328 milhões de uma primeira tranche, que pode chegar a até R$ 400 milhões.

A operação prevê ainda um bônus de subscrição que pode resultar em uma capitalização de mais R$ 133 milhões até o terceiro trimestre de 2025. O papel sairá a R$ 4,26, praticamente em linha com a cotação de mercado. No ano, as ações estão estáveis e acumulam queda de 17% em 12 meses.

"O aumento de capital será usado para diminuir a pressão da despesa financeira e fazer a companhia voltar a ter lucro", diz Luiz Novais, CFO da Pague Menos, ao EXAME IN.

A aquisição da Extrafarma do grupo Ultrapar por R$ 700 milhões, anunciada em 2021 e concluída no ano passado veio num momento de forte disparada dos juros – o que acabou pesando sobre o balanço da companhia.

No trimestre encerrado em junho, a despesa financeira da Pague Menos totalizou R$ 166,6 milhões, mais do que o dobro do mesmo período do ano passado. Com o aumento da dívida, a empresa registrou um prejuízo de R$ 10 milhões no período, revertendo lucro de R$ 56,7 milhões no segundo trimestre de 2022.

“A Pague Menos se viu obrigada a escolher entre rentabilidade e crescimento e reduzir o ritmo de expansão num momento em que os concorrentes não estavam tão bem e havia oportunidades para ganho de market share”, aponta o analista de uma gestora que acompanha a empresa.

Antes de comprar a Extrafarma, a Pague Menos tinha um indicador de alavancagem de 1,7 vez dívida líquida/Ebitda e, agora, está em 3 vezes. Segundo Novais, com o aporte, o indicador virá para 2,2 vezes, e até o fim do ano que vem, volta para o patamar de antes da aquisição.

Do lado operacional, a companhia vem apresentando avanços. De março a junho, a receita líquida subiu 37%, para R$ 2,8 bilhões e o Ebitda cresceu também em dois dígitos altos, de 28,9%, para R$ 271,5 milhões.

A integração da Extrafarma vem acontecendo de maneira mais rápida que o esperado, aponta o CFO. A empresa teve margem Ebitda positiva de 2,5% contra um indicador negativo no mesmo patamar no momento da aquisição. “Brinco que migramos da ‘água para o suco de uva’”, diz, acrescentando, no entanto, que ainda deve levar mais um ano para que a rentabilidade da rede chegue a um patamar parecido com o da Pague Menos.

A captura de sinergias somou R$ 25 milhões no trimestre, o que, em termos anualizados, equivale a 44% do guidance potencial fornecido pela companhia na época da aquisição da Extrafarma.

A Pague Menos ainda vinha reduzindo despesas e segurando investimentos nos últimos meses para reduzir a alavancagem e chegou a fazer uma operação que em otimizava o caixa ao trocar uma distribuição de juros sobre capital próprio com aumento de capital no começo do ano.

Agora, com a nova injeção de recursos, há espaço para a retomada da abertura de lojas, aponta Novais, mas novas aquisições estão fora do radar no curto prazo e não devem acontecer nos próximos 18 meses.

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