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Os planos da Infracommerce após o alívio de R$ 400 milhões

Sem pressão de dívidas, empresa quer fazer ‘mais do mesmo’ e focar em integrações

Infracommerce: captação tira sobrepeso de dívidas da companhia (Infracommerce/Divulgação)

Infracommerce: captação tira sobrepeso de dívidas da companhia (Infracommerce/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 18h48.

Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 21h51.

Num ritmo intenso de compras desde o IPO em 2021, a Infracommerce passou o ano sufocada por dívidas. Com uma captação de R$ 400 milhões concluída hoje, feita principalmente via conversão de passivos, conseguiu tirar o nariz da água.

“Minha sensação é de alívio de ter feito a lição de casa prometida no começo do ano. Tiramos as nuvens pretas que nos rondavam”, diz Kai Philipp Schoppen, CEO e fundador da companhia de tecnologia para varejistas online.

O follow-on concluído hoje, que representou uma diluição brutal de mais de 40%, trouxe dinheiro novo do Pátria e da gestora Compass — sua maior acionista. A maior parte da oferta foi convertida por acionistas da NewRetail, uma companhia da qual a Infracommerce detém os ativos na América Latina.

Embora a precificação tenha ficado apenas em R$ 1,60, a entrada de recursos no caixa da companhia vem em boa hora e deve deixar em outro patamar o negócio, cujo mercado tem olhado de forma cética. A relação entre dívida líquida e Ebitda atualmente em 3x deve cair para algo entre 1x e 2x com o dinheiro captado agora.

Como foi dada ainda a vantagem de bônus de subscrição de 1 para 3 ações para quem entrou na oferta, a estrutura de capital da Infracommerce deve se reforçar mais à frente. Considerando o desempenho atual da empresa e o warrant, essa alavancagem poderia ficar abaixo de 1x.

A companhia começou 2023 queimando caixa e com dívida alta. Só para pagamento das despesas financeiras eram quase R$ 100 milhões ao ano. Ao fim do terceiro trimestre, os vencimentos somavam R$ 608 milhões, incluindo recursos para o pagamento das aquisições feitas, que vieram em ritmo acelerado desde o IPO, em 2021.

O crescimento inorgânico ajudou a empresa a crescer e a colocou em posição de liderança em diversos mercados, inclusive fora do Brasil – cerca de 40% do faturamento já vem das operações na América Latina. Se anualizados os números do terceiro trimestre, a receita líquida passa do R$ 1 bilhão e o Ebitda soma em torno de R$ 250 milhões, cifras quase 5 e 10 vezes maiores, respectivamente, do que à época da estreia da Infracommerce na Bolsa.

Mas as compras, feitas em parte em dívida bancária e parcelamento de alguns dos pagamentos, exigiram o aperto dos cintos, especialmente pela escala dos juros. Em setembro, quando anunciou o interesse de fazer uma oferta, a Infracommerce suspendeu o guidance dado no início de 2023, de Ebitda entre R$150 milhões e 170 milhões. A empresa cortou R$ 70 milhões de custos no ano. Ao fim do terceiro trimestre, a margem bruta tinha aumentado dois pontos percentuais para 42,9% e a Infracommerce conseguiu entregar geração de caixa operacional positiva.

“O mercado dizia que tínhamos feito metade do trabalho, mas, ainda precisávamos cortar mais R$ 100 milhões. Diziam: ‘isso é loucura’. E assim muitos investidores se afastaram”, conta Schoppen. De fato, a ação da Infracommerce acumula uma desvalorização de 89% desde o IPO – hoje, após a precificação da oferta, a queda foi de nada menos que 9,47%. Atualmente, o múltiplo EV/Ebitda da Infracommerce está na casa de 5x contra uma média de 11x do setor de tecnologia.

Schoppen diz que a agenda de M&As da companhia está encerrada e agora o trabalho está em rodar a engrenagem. Nos últimos meses, a empresa se dedicou a integrar todos os sistemas das adquiridas. Com a dívida reduzida e as melhorias feitas, o executivo vê a Infracommerce mais equilibrada. “Vamos fazer mais do mesmo. Estamos bem otimistas porque os números prometem. Os juros caindo também tornam o ambiente bom para varejo.”

A oferta também trouxe outro reforço: com pouco mais de 37,5 milhões de ações compradas, o Pátria vai integrar o conselho de administração da Infracommerce. Antes da oferta, o fundo já tinha uma exposição na empresa por ter adquirido a Igah Ventures, que foi uma das early investors da companhia. “A entrada deles no conselho reforça a governança”, diz Schoppen.

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