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Os investidores no páreo pela privatização da Sabesp

São três os interessados em levar a fatia de 15% que resultará num acordo de acionistas com o governo; fundo de Nelson Tanure é 'surpresa' e empresário ainda avalia se, de fato, vai colocar uma oferta pela empresa de saneamento

 (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

(Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Publicado em 18 de junho de 2024 às 12h15.

Última atualização em 18 de junho de 2024 às 15h38.

(Atualizada às 14h10*) – Três investidores manifestaram interesse em se tornarem acionistas de referência da Sabesp. Aegea e Equatorial se cadastraram para apresentar propostas por uma fatia de 15% da empresa de saneamento na oferta de privatização, em linha com o que o mercado já esperava.

Ambas as empresas já vinham em contato com o governo, reguladores e os bancos que coordenam a operação, buscando mais informações de detalhes técnicos nos últimos meses. A Aegea não escondia o seu interesse em manifestações públicas, enquanto a Equatorial sempre manteve um perfil mais low profile.

A surpresa ficou por conta do terceiro nome no páreo: um fundo de investimento em participações (FIP) que apareceu aos 45 do segundo tempo, segundo fontes ouvidas pelo INSIGHT.

Trata-se um veículo do investidor Nelson Tanure, conhecido por sua atuação em Oi e Light – e que levou a privatização da Emae, há pouco mais de um mês, por meio do fundo Phoenix.

Interlocutores que participam da privatização vinham relatando uma aproximação de emissários de Tanure na última semana, em busca de mais detalhes sobre o processo. De acordo com uma fonte próxima ao empresário, ele vê sinergias relevantes com a Emae, mas ainda não está completamente convencido a colocar uma oferta pela Sabesp, dadas as "complexidades do processo".

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Desde ontem à noite, circulam boatos de que ele estaria sendo financiado pelo BNDES — mas a informação foi negada por dois interlocutores, um próximo ao Estado e outro do próprio banco de fomento, ambos na condição de anonimato.

Se, por um lado, é mais concorrência, o que, em tese, tende a puxar o valor para cima, por outro, pouca gente acredita que uma eventual oferta de Tanure prosperaria na mecânica prevista para a privatização.

A oferta acontecerá em duas etapas: na primeira tranche, investidores interessados em levar a fatia de 15% e se associar ao governo (que deve manter uma fatia de cerca de 18%) num acordo de acionistas até 2030 apresentam suas propostas. As duas maiores vão para uma segunda tranche, de investidores de mercado, que colocam ofertas em cima daquela que acham mais interessante.

A que tiver o maior volume de interessados, ganha. O preço que vale é o médio entre o estratégico e o mercado. O acionista de referência paga qualquer valor a maior numa segunda tranche na forma de uma espécie de "prêmio de governança" para o Estado.

Em meio ao descrédito do modelo de corporation, após os casos de Eletrobras e Copel, é uma forma que o governo encontrou de fazer com que o mercado dê a benção para o investidor que mais lhe agrada, mantendo um bloco de controle coeso e com visão de longo prazo.

“Duvido que o mercado daria demanda para uma oferta do Tanure ou de qualquer outro investidor menos conhecido”, aponta um gestor.

O prazo para manifestação de interesse se encerrou ontem -- e ficaram de fora nomes que vinham se colocando na disputa, como a francesa Veolia e a IG4, gestora de private equity de Paulo Mattos, que levantava recursos junto com a americana Water Asset Management.

Segundo fontes ouvidas pelo INSIGHT, pesou sobre a decisão da IG4 a dificuldade de levantar funding em meio a um mercado azedo e um processo cujas regras foram definidas há pouco tempo, com alguns pontos ainda em aberto que complicaram a atração de investidores de longo prazo.

Além disso, a forma de estruturação da oferta tende a estabelecer o preço oferecido pelo estratégico como um "teto", com os investidores de mercado, que virão na segunda tranche, tendo incentivo a oferecer um valor menor. "É como pagar um prêmio para ficar com um lock-up de cinco anos, com o risco de execução e de ser sócio do governo", aponta uma fonte próxima à gestora.

A próxima etapa é a apresentação das propostas, que serão feitas entre 24 e 28 de junho. A manifestação de interesse não necessariamente implica a apresentação de proposta. Os investidores ainda precisam ser capazes de apresentar garantias e funding para a operação.

Ao fim do prazo, as duas melhores ofertas serão levadas para o mercado e começa o roadshow dos estratégicos finalistas, buscando formar o book com o mercado no maior patamar possível.

O 'soft launch' da operação, com a publicação do prospecto com as regras da operação, está prevista para esta sexta-feira, dia 21. O pricing está previsto para a terceira semana de julho.

* Matéria atualizada para incluir informação de que o FIP é de Tanure e que, apesar da manifestação de interesse, o empresário ainda avalia se vai colocar ou não uma oferta pela Sabesp.

(Com colaboração de Antonio Temoteo)

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