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Orizon fecha o primeiro ano no azul. Agora, vai começar a faturar com carbono

Há anos encarada como opcionalidade pelo mercado, geração de créditos de carbono pela empresa de tratamento de resíduos deve deslanchar já no primeiro semestre, diz o CEO, Milton Pilão

Pilão, CEO da Orizon: Venda de créditos de carbono deve acelerar este ano (Foto: Leandro Fonseca/Exame) (Leandro Fonseca/Exame)

Pilão, CEO da Orizon: Venda de créditos de carbono deve acelerar este ano (Foto: Leandro Fonseca/Exame) (Leandro Fonseca/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 28 de março de 2024 às 11h17.

Última atualização em 28 de março de 2024 às 11h26.

Um ano depois de uma aquisição transformacional dos ativos da Estre, a Orizon, empresa de valorização de resíduos, entregou seu primeiro balanço no azul, com um lucro de R$ 50 milhões em 2023, contra prejuízo de R$ 143 milhões um ano antes.

A foto, no entanto, ainda é só um pequeno spoiler do filme que vem à frente.

“Com a continuidade da integração dos aterros e a venda de créditos de carbono já temos um crescimento importante de receita e EBITDA pela frente”, aponta o CEO Milton Pilão.

Em 2023, a receita avançou 24%, para R$ 776 milhões e o EBITDA cresceu 48%, para R$ 313 milhões. A margem EBITDA avançou 6,5 pontos percentuais, para 40%.

Nascida para consolidar setor de aterros sanitários – pouco sexy à primeira vista –, a companhia está apenas na primeira parte da sua tese, que envolve usar os resíduos para uma estratégia mais ampla de geração de valor.

A segunda perna está a caminho, com a previsão da venda de créditos de carbono que deve começar neste ano.

A venda de créditos sempre esteve no radar dos investidores, mas a demora na certificação – em meio a gargalos nas principais certificadoras nos últimos anos – tinha trazido algum ceticismo ao mercado.

Neste mês, a Orizon conseguiu a certificação Gold Standard, uma das principais do setor, para créditos gerados pelo carbono evitado com a destinação correta dos resíduos para o seu aterro de João Pessoa.

Mais duas certificações estão previstas para ainda para este ano, diz Pilão, nos aterros de São Gonçalo (RJ) e Jaboatão dos Guararapes (PE), o que deve liberar um bom estoque de carbono para comercialização. As outras devem vir ao longo de 2025.

“Somente esses três aterros liberam de 6 a 7 milhões de toneladas de crédito de carbono com a possibilidade de serem receitados”, aponta Pilão.

A expectativa é de preços de venda de US$ 6 a US$ 7,5 por tonelada, o que pode liberar entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões em receita ao longo deste ano e do próximo. É margem na veia, já que os créditos não têm custo associado.

Investidores ainda encaram os créditos como uma opcionalidade. Mas, se ela deslanchar, pode adicionar mais R$ 10 por ação ou 20% ao preço-alvo estimado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), de R$ 50 por ação. Hoje, a Orizon está cotada a cerca de R$ 38 por ação.

A companhia já vinha fechando alguns contratos de venda de créditos, com a implementação atrelada à certificação e deve acelerar a estratégia ao longo deste ano.

“Já devemos executar um bom volume de venda de carbono ainda dentro do primeiro semestre”, diz o CEO, afirmando que já há contratos em processo de finalização a serem anunciados nos próximos 30 a 60 dias.

Combustível para crescer

A receita extra é bem-vinda num ano em que a Orizon tem investimentos relevantes para executar, para destravar uma das suas principais alavancas de valor: a vertical de biometano.

O combustível renovável equivalente ao gás natural é produzido a partir do biogás, subproduto da decomposição do lixo.

A companhia está construindo duas plantas para geração de biometano, em Paulínia (SP) e Jaboatão dos Guararapes (PE), que devem demandar investimentos da ordem de R$ 600 milhões.

“A construção desses projetos forma uma base forte de crescimento para 2025 e 2026”, aponta Pilão. As plantas entram em operação em janeiro de 2025 no segundo semestre do próximo ano.

A partir de então, serão feitos outros investimentos para começar a converter as demais plantas, num plano faseado, em que o capex só começa a ser executado mediante contratos de fornecimento que garantem receita de longo prazo.

No caso de Paulínia, o contrato foi firmado com a Compass, dona da Comgás, e, para Jaboatão, com a Copergás, distribuidora pernambucana.

“Queremos fechar o contrato de mais cinco projetos ao longo deste ano e, com eles fechados, começamos a fazer o capex para entrarem em operação em 2026. E o restante, queremos contratos em 2025, para eles entrarem em operação em 2027”, aponta.

Essas vendas podem ser feitas para distribuidoras de gás ou diretamente para o cliente final, por meio de gás comprimido ou liquefeito. A previsão da companhia é de investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão ao longo dos próximos três anos na estratégia.

Após um follow-on que colocou cerca de R$ 90 milhões em abril do ano passado, Pilão afirma que a empresa tem espaço em balanço e que o EBITDA que vai entrar este ano deve dar fôlego para financiar a estratégia sem precisar recorrer a uma nova capitalização.

"Estamos confiantes que nosso orçamento cabe na geração de caixa que vai entrar sem romper o limite que sempre sinalizamos de endividamento de 3 vezes", diz o CEO.

A Orizon terminou 2023 com uma relação entre dívida líquida e EBITDA de 2,7 vezes – mas que cai para 2 vezes ao se anualizar o indicador do quarto trimestre.

O orçamento prevê ainda a continuação das aquisições de aterros, ainda que em tamanho e ritmo menor do que o verificado ao longo dos últimos anos.

Em 2023, a Orizon comprou dois aterros, um em Minas Gerais e outro em Porto Velho. Além disso, assinou a compra de um aterro em Juazeiro (BA), com conclusão feita agora no começo de 2024.

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