Oakberry: pote de 750 ml será vendido a R$ 29,90 nos supermercados (Oakberry/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 30 de março de 2023 às 10h02.
Última atualização em 30 de março de 2023 às 15h59.
A Oakberry vai começar a vender açaí nos supermercados — e acredita que esse canal possa alcançar o de franquias em faturamento nos próximos três anos. É o que dizem Georgios Frangulis, fundador e CEO, e Alexandre Trita, diretor de indústria e supply chain, em entrevista ao EXAME IN. No último ano, só com as lojas da marca, a companhia faturou R$ 500 milhões, mais do que o dobro de 2021.
A nova iniciativa chega em um momento mais maduro para o business tradicional no Brasil, que tem um crescimento menor do que o de três ou quatro anos atrás: em vez de dobrar de tamanho a cada ano, hoje, a Oakberry inaugura de 70 a 80 novas franquias a cada doze meses. Enquanto isso, os demais países em que está presente -- são 40, ao todo -- seguem com o pé no acelerador. Com a presença nos supermercados, a meta é aproveitar o melhor que ambos os momentos podem oferecer.
Não à toa, a iniciativa de venda em supermercados começa no Brasil, neste mês, com o Pão de Açúcar (em embalagens de 750 ml que custam R$ 29,90) mas já deve estar em todo o país após esse período e nas gôndolas da Austrália e da Arábia Saudita até o meio deste ano. O objetivo final é tornar o açaí uma categoria, assim como aconteceu com o iogurte grego, por exemplo. “Hoje, só 5% da população brasileira consome açaí e compra no supermercado, e nos Estados Unidos, esse percentual é de 2%. Queremos fomentar o consumo, em vez de tomar uma participação pequena”, afirma Frangulis.
No Brasil, dentro desse ‘bolo’ ainda pequeno, o principal player em supermercados para o açaí é a Frooty. A empresa, fundada em 1994, também tem presença internacional, em três continentes -- ainda nas Américas, se uniu recentemente à Makai Fruits, localizada no Texas, como forma de aumentar seu alcance internacional.
Para escapar da briga por uma participação de mercado já estabelecida pela concorrência, a Oakberry quer fortalecer, em todas as regiões em que está presente, o atributo de superfood. Fora do país, especialmente, esse é um discurso que ajudou a marca a ganhar relevância. Na Arábia Saudita, por exemplo, um dos principais mercados em potencial de crescimento, é comum que o público imagine que a tradução literal de açaí para o inglês é Oakberry.
A empresa já tem 70% de seu faturamento atrelado ao mercado internacional --- e, não custa lembrar, esse é um processo que começou há pouquíssimo tempo, em 2019. “Nunca tivemos um crescimento tão forte quanto o do meio de 2021 até agora. Cada vez mais, o internacional é se torna importante para nós, já que, ao mesmo tempo que o Brasil cresce como uma célula individual, temos outras 10 ou 15 regiões tão grandes e tão importantes, senão até mais do que aqui. Estados Unidos, Austrália, Europa, China, países árabes são alguns exemplos”, diz Frangulis.
Todos esses planos de expansão partem de uma mesma origem: a verticalização da produção e distribuição, iniciada por uma rodada de captação feita em 2021, que levantou R$ 90 milhões. Com o dinheiro, a empresa investiu em uma fábrica própria, no Pará — que hoje produz 100% dos produtos, inclusive os exportados — e em uma rede própria de distribuidores (são 11 ao todo, espalhados em diferentes estados).
Para coordenar esses dois movimentos, a Oakberry trouxe dois nomes de peso do mercado para dentro de casa: Nessim Abadi e Alexandre Trita, executivos que atuaram com esse mesmo processo na Frooty. O processo foi coroado no fim do ano passado, quando a companhia emitiu um CRA de R$ 50 milhões, dinheiro usado principalmente para estruturar a cadeia de fornecedores, certificando os ribeirinhos. Concluídas as duas etapas, começaram os estudos para desenvolver uma fórmula capaz de chegar às gôndolas, que se diferenciasse da concorrência e não perdesse as propriedades nutricionais do açaí.
“Fizemos um trabalho longo de pesquisa até chegar em um produto que entregasse a experiência mais próxima possível da loja. Conseguimos chegar em uma versão final que não tem aquela sensação de gelo. Você pode tirar do freezer e consumir pouco tempo depois com uma colher, como um gelato”, diz Frangulis.
A combinação, na visão do CEO, proporciona uma experiência diferente de consumo para os clientes — um fator no qual aposta para o plano de desenvolver a categoria como um todo.
Depois de chegar na fórmula certa, era hora de resolver como ela seria transportada até os supermercados. Para isso, a companhia tomou um rumo diferente do tradicional (enviar os produtos para o centro de distribuição dos supermercados). O plano era fazer uma entrega loja a loja, de olho em minimizar rupturas.
Para conseguir viabilizá-lo, a Oakberry firmou uma parceria com a Froneri, empresa europeia responsável pela produção de sorvetes da Nestlé. "Eles fazem toda a produção e pagam license fee para a multinacional, basicamente”, diz Trita.
No caso da Oakberry, a expertise será aproveitada de uma forma diferente, auxiliando a companhia em algumas etapas ao longo do processo, mas sem realizá-lo do começo ao fim. "Como a máquina de execução já existe, a gente acredita que a expansão para outros países possa acontecer de forma acelerada, colaborando para o nosso cronograma de três anos", diz o executivo.
É o primeiro passo para uma nova fase da companhia, para ficar ainda mais perto do consumidor. Da franquia ao supermercado, a Oakberry já aumentou a quantidade de canais (e o portfólio de produtos). Só não perde de vista, mesmo, o açaí.