Smoothies foram agora incorporados ao portfólio padrão da Oakberry (Oakberry/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 16h30.
A Oakberrry, líder global em franquias de açaí, acaba de anunciar a maior captação de sua história: R$ 325 milhões. O investidor é o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) que entra no negócio por meio de seus fundos de impacto e ficará com uma fatia minoritária. O percentual e o valuation da rodada não foram revelados.
Mais da metade dos recursos será injetada no caixa da companhia e o restante do dinheiro dará saída ao FIP SMZTO, da aceleradora de José Carlos Semenzato, referência no segmento de franquias.
O fundo de investimentos entrou no negócio no início de 2019, junto com o veículo de investimentos da holding da família Semenzato — que permanece no negócio. A tese era a de investir em uma franqueadora com grande exposição ao Brasil, um perfil ao qual a Oakberrry não atende mais.
Hoje, 70% da receita vem dos 45 países em que a empresa está presente, num processo de internacionalização conduzido de forma rápida ao longo dos últimos quatro anos. Neste ano, a empresa deve faturar R$ 600 milhões, ante R$ 500 milhões no ano passado.
Em 2021, a empresa captou R$ 84 milhões com a Monte Bravo e sua gestora, a Kilima Asset, para investir no processo de verticalização. Com o dinheiro, a empresa investiu em uma fábrica própria, no Pará — que hoje produz 100% dos produtos, inclusive os exportados — e em uma rede própria de distribuidores (são 11 ao todo, espalhados por diferentes estados).
No ano passado, a companhia estreou no mercado de capitais, com a emissão de um CRA verde de R$ 50 milhões, destinado a estruturar a cadeia de fornecedores, certificando ribeirinhos que fornecem a fruta para a empresa.
Criada em 2016, a Oakberry hoje tem 700 lojas e está presente em mais de 40 países.
Com a injeção de recursos, a multinacional deve chegar a mil lojas e a R$ 1 bilhão de faturamento até o fim do ano que vem. O plano é elevar ainda mais a fatia do mercado internacional. Em 2024, o percentual de receita vinda de fora do país deve passar a 80%, com inaugurações de lojas próprias inicialmente previstas nos Estados Unidos, Portugal e Austrália.
Esse será o principal destino dos recursos aportados pelo BTG, que terá um assento no conselho. A Oakberry já era próxima da parte de Investment Banking e o banco é o advisor financeiro da empresa desde 2021. Na empresa de açaí, o foco dessa união é trazer uma governança aprimorada. “Vamos passar por outros eventos de liquidez, outras rodadas, dívida fora do Brasil, talvez uma ida a mercado quando for oportuno. Temos que respeitar o tamanho que a companhia tem e estar preparados para qualquer movimento que tenhamos de fazer”, diz Gustavo Janer, CFO da Oakberry.
A aposta em lojas próprias reflete a estratégia da companhia de ter mais controle da experiência dos clientes fora do país, construindo uma marca forte. Isso não significa que a companhia vai deixar de investir por meio de franquias: o racional de ter mais franquias do que loja própria permanece, em escala global.
“Austrália e Portugal foram os primeiros dois países em que começamos a expandir fora do Brasil, em 2019. Quem acelerou essa presença até aqui foram os master franqueadores e, agora, nessa nova fase, vamos recomprar lojas e co-investir com eles na expansão nessas regiões, num formato similar a uma joint-venture. Devemos estender esse movimento a outros países também, no futuro”, diz Georgios Frangulis, CEO e co-fundador da Oakberry.
Na Europa, a Oakberry acaba de inaugurar sua centésima loja. A estimativa é que a presença da marca no continente triplique até o final de 2026.
Nos Estados Unidos, o movimento de expansão com alocação de capex em lojas próprias segue uma série de investimentos feitos pela Oakberry desde o ano passado.
Em 2022, a Oakberry aumentou seu time baseado nos Estados Unidos com a chegada de Leandro Gasparin e Bruno Cardinali, ex-executivos da Restaurant Brands International (RBI), grupo por trás de redes como Burger King e Popeyes.
A rede de açaí conta com cerca de 35 lojas no país e a expectativa é abrir pelo menos cem novas lojas próprias até o final de 2026.
“Os Estados Unidos são um mercado consumidor enorme. Com as lojas próprias já existentes, temos um payback de 15 meses, algo inédito mesmo para um mercado tão aquecido. Além disso, do ponto de vista de expansão de marca, da experiência do cliente e de awareness, faz sentido alocar capital para aumentar a presença de lojas próprias. É um movimento que pode atrair vários outros grandes franqueadores americanos”, diz Janer.
Enquanto a maior parte dos esforços está voltada ao crescimento internacional, o Brasil não ficou esquecido nos planos de expansão da Oakberry. São mais de 400 mil unidades no país e, além das franquias, a empresa começou a vender em supermercados por aqui em março deste ano.
“Tem muito espaço para crescer. Continuamos concentrados no Sudeste. Dá para ter mil unidades nos próximos anos aqui, mas dá para ter cinco mil fora do Brasil”, diz Frangulis.