(Joel Saget/Getty Images)
Repórter Exame IN
Publicado em 9 de fevereiro de 2024 às 11h45.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2024 às 11h48.
Sam Altman já deixou claro que quer transformar o mundo por meio da inteligência artificial. Depois de OpenAI lançar o ChatGPT no fim de 2022 dando o pontapé no frenesi com a inteligência artificial generativa, o executivo agora parte para um objetivo muito mais ousado: levantar trilhões de dólares para impulsionar a indústria de semicondutores (Sim, você leu certo: trilhões, com T).
Segundo o Wall Street Journal, Altman tem mantido conversas com investidores com os bolsos mais fundos do mundo, como o governo dos Emirados Árabes Unidos, para dar outra escala à capacidade de produção de chips mundial — um dos gargalos para o crescimento da OpenAI e de outras empresas do setor, em meio à escassez desses componentes, cada vez mais caros, e que são necessários para treinar os chamados 'large language models'.
O novo projeto proderia exigir entre US$ 5 trilhões a US$ 7 trilhões em investimentos, ainda de acordo com o WSJ. Colocando a cifra em perspectiva: US$ 7 trilhões equivalem a 4,5 vezes a emissão de dívida anual de todas as empresas listadas nos Estados Unidos. Ou 2,5 vezes o market cap da Apple.
Trazendo os números para a indústria de semicondutores: hoje, vendas globais de chips somam US$ 527 bilhões, com base em dados de 2023, e devem aumentar para US$ 1 trilhão em 2030. As vendas de maquinário para fabricar esses componentes somaram US$ 100 bilhões no ano passado, segundo estimativas da SEMI, entidade que representa o setor.
No caminho para o dinheiro, Altman se reuniu com diferentes players ao longo das últimas semanas. Um deles é o xeque Tahnoun bin Zayed al Nahyan dos Emirados Árabes Unidos. Masayoshi Son, CEO do SoftBank, também estaria na lista. Nos últimos dias, o CEO da OpenAI já havia fechado uma parceria com a G42, empresa de tecnologia sediada em Abu Dhabi, de olho em fornecer soluções de ponta de IA.
O destino final do dinheiro seria costurar uma parceria entre a OpenAI, fabricantes de chips e fornecedores de energia, de olho em construírem juntos fábricas que seriam administradas por empresas já especializadas no assunto. "As discussões estão na fase inicial, a lista completa de potenciais investidores não é conhecida e o esforço pode durar anos e, em última análise, pode não ter sucesso", diz o jornal americano.
Por enquanto, a Microsoft, empresa que também viu o valor de mercado disparar ao longo do último ano por causa da OpenAI, apoia a iniciativa de Altman.
Entre as empresas procuradas para essas negociações e futuros empreendimentos está a TSMC, companhia taiwanesa que tem o monopólio na comercialização de modalidades de chips mais avançadas — o que leva a uma nova questão: como a TSMC conseguiria estabelecer uma fábrica nos Estados Unidos?
A companhia já apontou atrasos e escassez de trabalhadores qualificados para um projeto de US$ 40 bilhões no Arizona. E, com o monopólio garantido, somado às tensões geopolíticas, fica difícil ao menos por enquanto ver como o acordo seria costurado.