Alex Karp, CEO da Palantir: Venda de US$ 2 bilhões em ações nos últimos dois anos o torna um dos maiores "inside sellers" do mundo de tech, diz Left
Editora do EXAME IN
Publicado em 23 de agosto de 2025 às 08h59.
A declaração de Sam Altman no começo da semana de que o mercado está “animado demais” com a inteligência artificial trouxe uma certa ressaca para as Big Tech – ao que tudo indica, uma dor de cabeça leve, com os papéis recuperando parte da queda ontem com o ânimo dado pela expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos.
Mas, para Andrew Left, um dos mais proeminentes short sellers de Wall Street, ao menos uma ação definitivamente está em modo “bolha”: a da Palantir, de análise de dados e famosa por seus grandes contratos de defesa com o governo americano.
Depois de a empresa ter quintuplicado de valor em um ano, ele não é o único a falar que o papel foi longe demais – as ações foram uma das mais penalizadas no selloff desta semana, com queda de 10%. Mas é o mais enfático.
Numa carta divulgada esta semana pela sua Citron Research, Left afirma que a ação, hoje cotada na casa dos US$ 160, não deveria valer nem US$ 40. Seu argumento é contundente: uma comparação com o valuation da OpenAI, a líder inconteste na corrida da inteligência artificial.
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Segundo múltiplos veículos internacionais, a companhia liderada por Sam Altman está negociando uma venda de ações de funcionários, numa rodada que deve avaliá-la em US$ 500 bilhões.
É um múltiplo de 17 vezes a receita de US$ 30 bilhões prevista para 2026. A Palantir deve faturar US$ 5,6 bilhões no próximo ano, segundo o consenso Bloomberg e está avaliada a US$ 376 bilhões: um multiplicador de 67 vezes.
“Ao múltiplo bastante elevado de 17 vezes da Open AI, a Palantir deveria valer US$ 40 por ação. Mas aí está o problema: mesmo esse preço a deixaria entre os nomes mais caros de SaaS da história”, diz o gestor.
Ele argumenta que é a OpenAI que mereceria um prêmio, por várias razões. A primeira é o crescimento da receita. Enquanto a dona do ChatGPT vem multiplicando a receita mês a mês, numa escala “sem precedentes”, a Palantir demonstra um progresso firme, mas bem menos impressionante, na casa dos 20% ao ano.
Outro ponto é que a OpenAI opera com o sistema de assinatura clássico dos SaaS, convertendo usuários que usam de graça em clientes pagos. Já a Palantir é uma “consultoria embrulhada em software”, com produtos que demandam alta customização e, portanto, menos escalável.
“Vamos dar o benefício da dúvida e chamar a Palantir de SaaS. O mercado da OpenAI é medido em trilhões e abarca todo consumidor, seja pessoa física ou empresa. O mercado endereçável da Palantir? Contratos empresariais e de defesa que escalam mais devagar e no pelos quais ela compete diretamente com gigantes”, afirma a Citron.
A ameaça da concorrência justamente um dos pontos mais ignorados pelo mercado, diz Left. Além da competição com a Microsoft, outra empresa que deve incomodar a Palantir é a Databricks, que ensaia um IPO. “Diferentemente da implantação muito dependente de serviços da Palantir, a Databricks oferece um economics de um software verdadeiro, um risco que Wall Street ainda tem que embutir no valuation.”
Para além dos fundamentos da empresa, Left aponta a confiança da liderança no valor do negócio. O cofundador da Palantir, Alex Karp, vendeu US$ 2 bilhões em ações da Palantir nos últimos dois anos, “tornando-o um dos mais agressivos insider sellers do mundo de tech”.
“Karp está embolsando ganhos, usando o rali da AI da Palantir como sua estratégia pessoal de saída”, afirma, para dar o veredicto: “O valution da companhia está completamente descolado de fundamentos e análises, ironicamente os mesmos serviços que ela diz oferecer.”