The Big Short (2015): Daniel é representado por Jeremy Strong (à esquerda), e Collins, por Hamish Linklater (à direita), ambos de pé (Divulgação/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 19h32.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2025 às 20h47.
Após um 2024 desastroso, especialmente em dólares, o Bolsa brasileira vem apresentando alguma resiliência neste começo de ano.
Mesmo em meio ao aumento de aversão ao risco com o 'tarifaço' de Trump no fim de semana, o Ibovespa operou o dia todo próximo à estabilidade, na contramão de outros mercados emergentes, sinalizando que as ações brasileiras podem estar começando a enxergar um fundo.
Corroborando o cenário, viralizou hoje no mercado um vídeo em que os gestores Porter Collins e Vincent Daniel -- retratados no livro e no filme The Big Short pela sua aposta espetacular contra as hipotecas americanas antes da crise do subprime -- reforçam sua aposta no Brasil.
Em meio a um bull market histórico nos Estados Unidos puxado por ações de tecnologia, desta vez eles não arriscam num short na Bolsa americana.
“Não faço ideia do que vai acontecer com Nvidia ou com a DeepSeek”, pondera Collins em entrevista à CNBC após um painel sobre investimentos realizado em Miami na semana passada.
“Mas num momento em que todo mundo fala sobre como os mercados estão caros, estamos procurando onde há ativos baratos e a resposta são os mercados emergentes”, afirmou.
“Veja o Brasil, é um dividend yield de 10%!”, disse.
Sua gestora Seawolf Capital está apostando também no mercado chinês de forma geral e em ações como as do Alibaba.
“Elas estão negociadas a 4 vezes lucro, sem contar o caixa”, diz, ponderando que, se o país chegar a um acordo com os Estados Unidos sobre tarifas, ou se suas iniciativas em inteligência artificial vingarem, o retorno pode ser assimétrico.
“Ela pode ir a 15 vezes lucro e triplicar de valor”, diz. Durante o painel na conferência, Collins enumerou também as iniciativas de incentivo do governo chinês ao mercado acionário, cujos estímulos envolvem a ampliação da fatia aplicada por fundos de pensão em ações.
Numa visão claramente fora do consenso, seu sócio Vincent Daniel aposta que a tese de “excepcionalismo americano” defendida por Trump pode resultar num dólar mais fraco — e não o contrário.
“Se quisermos internalizar tantos empregos e fábricas [nos Estados Unidos], vamos precisar de um dólar mais fraco para vender nossos produtos para outros países a um preço mais barato”, disse no painel.
“E se isso acontecer, o que acontece com os mercados emergentes?”, ponderou, sugerindo um fluxo relevante de recursos para mercados hoje relegados pelos investidores.
Collins sinalizou ainda a possibilidade de uma mudança de governo mais à direita no Brasil. “Os Estados Unidos fizeram uma guinada à direita, a Argentina também. Isso pode acontecer no Brasil.”
A Seawolf Capital teve um 2024 estelar, com retorno de 66% apostando principalmente em Trump Trades menos consensuais, como ações de empresas de prisões e vigilância, que subiram em resposta a políticas imigratórias.
Outro call, esse bem dentro da seara dos gestores, foi nas ações dos bancos Fannie Mae e Freddie Mac, que foram resgatados pelo governo americano pós crise de 2008, e viram suas ações dobrarem com a expectativa de uma privatização sob o novo presidente.