WEG: correlação com a IA é menor do que dos pares internacionais (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 12h39.
Atingida em cheio pelo terremoto DeepSeek, a WEG teve ontem um raro pregão de forte queda, tombando 8% com temores de menor necessidade de infraestrutura para inteligência artificial a partir da via menos intensidade em dados, capital e energia trazido pela startup chinesa.
Impulsionada por uma forte onda compradora de gringos, a WEG sofreu agora na ponta oposta, e a queda foi muito na esteira de outros papéis de infraestrutura elétrica mundo afora, como a GE Vernova (-22%), Eaton (-16%) e Schneider Electric (-10%).
“Se havia alguma dúvida de que a tese de WEG estava de alguma forma ligada à tese de IA, tivemos uma resposta”, ponderou o analista Lucas Marquiori.
O desempenho das ações, que caíram, mas abaixo dos pares globais, no entanto, mostra que a correlação é menor do que a de outros papéis do setor – o que dá uma resiliência num cenário agora mais incerto sobre a real demanda para esse setor.
A equipe, especializada em bens de capital, reconhece suas limitações e diz que não é possível ainda ter uma resposta clara do quanto o fenômeno DeepSeek deve reduzir a demanda por infraestrutura para IA.
O ponto, afirmam, é que os fundamentos seguem intactos – e que, muito além da IA, a tese de WEG está ligada à demanda secular por modernização da infraestrutura energética e da rede de transmissão com a emergência de energia renováveis, de geração mais intermitente.
Do ponto de vista dos fundamentos, a grande questão é se há algum risco para a carteira de pedidos da empresa brasileira. “Nosso palpite mais educado é de que não”, diz Marquiori.
Ainda que a WEG não divulgue seu backlog, os números divulgados por pares recentemente indicam patamares recordes. “Não achamos que isso vá mudar no curto ou médio prazo.”
Outro ponto positivo é empresa também tem alta exposição ao mercado americano, cuja economia vem mostrando forte resiliência na contramão de outras economias desenvolvidas e o desempenho mais errático dos emergentes – e tem boa parte da receita dolarizada, um porto seguro num momento de real depreciado e da moeda americana valorizada globalmente.
Em termos de múltiplos, com uma relação de 29 vezes entre o preço em Bolsa e o lucro esperado para 2025, a WEG segue dentro de sua média histórica, que gira entre 25 e 35 vezes.
Nos últimos 12 meses, as ações da WEG acumulam alta de 63%. Na primeira hora do pregão desta terça-feira, 28, os papéis tentavam corrigir o efeito da "segunda-feira sangrenta", subindo 1,82%, para R$ 54,28. O BTG manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 68.