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O Bradesco BBI foi ao bar – e tem uma notícia boa e outra ruim para Ambev

Ambiente competitivo no segmento premium está melhor; mas brasileiro está fazendo menos happy hour, dizem analistas

Ambev: marcas premium, como a Hoegaarden, estão ganhando espaço (Divulgação/Divulgação)

Ambev: marcas premium, como a Hoegaarden, estão ganhando espaço (Divulgação/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 13 de setembro de 2023 às 12h04.

Os analistas do Bradesco BBI fizeram uma reunião com um grande dono de bares no brasil, com mais de 40 estabelecidos e R$ 200 milhões em receita, e saíram um pouco mais otimistas com as ações da Ambev – ainda que preocupados com uma potencial mudança nos hábitos de consumo no pós-Covid.

Do lado do copo meio cheio, a percepção é que o ambiente competitivo com a Heineken melhorou bastante, com as marcas Becks e Spaten conseguindo bater de frente no segmento considerado mais premium.

Segundo a operadora de bares, a Heineken aumentou em 15% os preços de sua marca principal neste ano, numa tendência que deve continuar, pois a companhia está preocupada em manter o status premium do seu rótulo flagship.

“Além disso, parece que a companhia quer que os estabelecimentos evitem fazer promoções para a marca [Heineken]”, escrevem os analistas Leandro Fontanesi e Pedro Fontana em relatório.

A percepção reforça um movimento que já apareceu nos resultado do segundo trimestre, quando as vendas de cerveja da Ambev caíram 2,5% no Brasil, mas o volume no segmento premium cresceu 35% - dando mais robustez ao avanço dessa categoria.

No segmento mainstream, a Heineken tem crescido com a marca Amstel, afirma o banco, mas a Tiger não tem tido boa aceitação do público.

Vendo o copo meio vazio, a equipe do BBI saiu preocupada com a informação que de o tráfego nos bares tem diminuído bastante depois de um pico no pós-pandemia.

Segundo a fonte ouvida pelos analistas, em alguns bares, a frequência chega a ser de 15% a 20% menor do que antes do Covid – um sinal amarelo importante para a rentabilidade, já que as vendas em bares têm margens melhores para as fabricantes de cerveja do que as feitas em supermercados. (A estimativa do Bradesco é de uma margem 15 pontos percentuais melhor em bares e restaurantes.)

Uma das hipóteses é que o aumento de preços possa estar pesando na demanda, num cenário já bastante pressionado para o varejo e bens de consumo.

Mas a mudança pode ser mais estrutural, com a esticadinha no expediente para os bares se tornando menos frequente com a adoção do trabalho remoto – e com uma nova dinâmica da geração Z. “As gerações mais novas pensam que não é mais necessário ir a happy hours”, especulam Fontaseni e Fontana.

O Bradesco BBI tem recomendação de compra para as ações da Ambev, com preço-alvo de R$ 21 para o fim de 2024. Os papéis da fabricante de cerveja são negociados a R$ 13,87, com queda de 2,26% neste ano.

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