Crédito: digitalização da economia facilita inovação nas linhas para pequenas e médias empresas, fora dos grandes bancos (Gabriel Vergani / EyeEm/Getty Images)
Graziella Valenti
Publicado em 22 de novembro de 2021 às 11h28.
Última atualização em 22 de novembro de 2021 às 12h00.
Já está estruturado o sétimo fundo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinado a melhorar o cenário de crédito para pequenas e médias empresas (PME). O portfólio terá um total de R$ 407 milhões disponíveis, dos quais R$ 345 milhões foram aportados pelo banco de fomento e a diferença pelas gestoras Empírica e Gauss Capital.
Quem vai originar os créditos serão as fintechs BizCapital e Finpass, por isso o nome do fundo é FIDC BizCapital Finpass PME. Partes relacionadas de ambas também colocaram recursos no fundo. No total, a carteira deve ter um efeito prático equivalente a R$ 1,8 bilhão sobre o mercado, podendo alcançar até 7,4 mil empresas, com receita em torno de R$ 20 milhões ao ano. Serão créditos fornecidos sem garantia vinculada, apenas com aval dos sócios — uma modalidade bastante escassa às PMEs.
“Nosso objetivo é ampliar a competição no crédito para essas empresas por meio de canais não bancários”, afirma Filipe Borsato, chefe do departamento de gestão de investimentos em fundos da área de mercado de capitais, participações e reestruturação de empresas do BNDES, em entrevista ao EXAME IN. “Havia muitas barreiras para as pequenas e médias companhias, mas a fintechização da economia tem melhorado esse cenário.” A instituição já aprovou cerca de R$ 3 bilhões para diversos fundos, que atuação nesse mercado.
A iniciativa nasceu com a pandemia, como suporte para esse segmento da economia, que responde por entre 60% e 70% da mão-de-obra nacional. Mas a ideia é que os aprendizados possam permitir uma atuação mais contínua da instituição.
Jorge Junqueira, da Gauss Capital, chama atenção para outro efeito da digitalização da economia que permitiu uma melhoria para as companhias de menor porte: o acesso à informação. Antes, apenas os grandes bancos tinham linhas para essas empresas, pois só eles tinham dados que permitiam a análise da qualidade do crédito. O cenário atualmente, segundo ele, é totalmente diferente.
O impacto bilionário da carteira se deve à modalidade das linhas que serão fornecidas. Os tíquetes serão entre R$ 30 mil e R$ 500 mil, com prazo de até 36 meses, com dois de carência. Como os créditos serão de prazo mais curto que o fundo, que terá seis anos de carteira, o mesmo dinheiro terá de ter o alvo renovado.
Juntas BizCapital e Finpass já fizeram operações que totalizaram R$ 1,2 bilhão em créditos para, com impacto sobre 15 mil empresas. A Biz é um sistema de soluções financeiras para as PMEs brasileiras, incluindo crédito, conta para pessoa jurídica e educação para gestão — presente em mais de 1.700 municípios de todos os estados brasileiros. Já a Finpass é um shopping digital de crédito que utiliza algoritmos de matching para que as empresas recebam de forma automática múltiplas propostas de financiamentos.
A expectativa é que os desembolsos do fundo estejam completos, em sua primeira rodada, dentro de 12 meses. Mas a primeira metade tende a se concretizar em menos de seis meses, conforme explica Francisco Ferreira, fundador da Biz. “Desde a pandemia, esse é um segmento com muita demanda por crédito e continua assim.” Dan Cohen, da Finpass, completa que essa procura, além de tudo, é cada vez mais digital.
A meta da carteira é um rendimento de, pelo menos, CDI mais 3% ao ano, pelo menos para as cotas sêniores, detidas pelo BNDES (85%). O restante não tem rentabilidade alvo.
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