Spaten: marca alemã é principal impulsinador da Ambev, segundo BofA (Divulgação/ Ambev/Site Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 6 de novembro de 2023 às 14h08.
Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17h38.
O resultado do terceiro trimestre da Ambev desceu redondo. O papel que vem andando de lado ao longo do ano, está desde terça-feira, 31, quando a empresa divulgou seus números, sustentando uma alta acumulada de mais de 8%. Nesta segunda-feira, 06, um relatório do Bank of America está dando fôlego extra à ação.
O BofA repetiu sua pesquisa com 1.000 consumidores no Brasil, cuja última edição foi realizada em maio. Pelos cálculos da equipe do BofA, a Ambev ganhou 1,3 ponto percentual na preferência dos consumidores comparação à pesquisa de maio. De acordo com o banco, a fatia de preferência da Heineken caiu 0,2 ponto percentual ante maio e da Petrópolis, em recuperação judicial, 0,9 ponto percentual.
“Heineken é a marca preferida e vemos a empresa colocando todos os esforços nela e na Amstel. Mas a Ambev é de fato a empresa que ganha preferência geral e participação em volume, o que poderia ser uma estratégia mais sustentável no longo prazo”, escrevem os analistas Isabella Simonato e Fernando Oliveira.
“Isso também se traduziu no desempenho de volume da Ambev. Spaten foi o principal impulsionador, com uma participação estimada de 3,5%”.
Segundo o banco, os números de agora mostram que a indústria cervejeira continua resiliente, com aumento contínuo no consumo. Dos entrevistados, 91% disseram que seu consumo de cerveja está estável ou em alta, contra 78% em 2022.
Ao contrário do que se poderia imaginar, isso não está relacionado apenas à reabertura dos bares, mas ao fato de que as pessoas estão bebendo mais em casa e, por isso, se permitindo experimentar novas marcas, de acordo com o banco.
“Isso reforça a tese de que a indústria cervejeira no Brasil se tornou um jogo de portfólio, e acreditamos que a Ambev está apresentando um bom desempenho”, diz o BofA.
No terceiro trimestre, os volumes do Grupo Heineken superaram os da Ambev no Brasil, no que tem sido um cabo de guerra das duas principais companhias. Um trimestre antes, foi a dona da Brahma quem foi melhor em volumes. “O que puxou nossos volumes para baixo foram nossas marcas mais econômicas”, explicou Lucas Lira, CFO da Ambev, em entrevista ao Exame IN.
A principal disputa entre as duas líderes de mercado está mesmo nos portfólios de maior valor agregado. No terceiro trimestre, as vendas do portfólio premium e superpremium, composto por Spaten, Beck’s, Stella Artois, Corona e Original, cresceram mais de 10%. Já no portfólio “core”, com Brahma, Skol e Antarctica, a Ambev tem avançado com a venda de garrafas retornáveis de 300 ml, o que torna o preço final ao consumidor mais atrativo e melhora a rentabilidade, destaca o CFO.
“O que a gente vem tentando fazer do ponto de vista de estratégia de crescimento de receita é achar um bom balanço de performance de volume com performance de receita por hectolitro, que não tem só preço, mas mix de região, marca, embalagem e canal”, diz Lira. No trimestre, a receita líquida por hectolitro da unidade de cerveja Brasil cresceu 6,8%.
Na contramão do aumento de receita, os custos de produto vendido (CPV) estão em queda, o que deve favorecer o ganho de rentabilidade da Ambev em 2023. No primeiro semestre, o CPV por hectolitro ficou levemente acima da faixa de projeção dada pela companhia, que prevê um aumento de 2,5% a 5% no ano.
No terceiro trimestre, porém, o CPV caiu 2,1% e deve seguir em ritmo de redução ao longo do quarto trimestre, segundo diretor. “Não mudamos o guidance. Quando se faz a conta, indica que no quarto trimestre deveríamos ter mais uma boa performance no custo.”
Trimestre marcado pela entrada do verão, o quarto não deve ser, no entanto, de ganhos de volume. A base de comparação dificulta, já que o último trimestre de 2022 foi marcado pela Copa do Mundo, evento que tende a favorecer o consumo de cerveja nos bares e também nos domicílios.
“Estamos animados com o quarto trimestre, embora tenhamos que lembrar da Copa. O importante é que a saúde das nossas marcas está muito boa”, diz Lira.