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No Inter, 7 é o número da sorte - e duplicado, pode aquecer as vendas de seu market place

Inter Day vai oferecer descontos e cashback no super app do banco pelo sexto ano seguido - desta vez, com a concorrência de gigantes do 'e-commerce'

Inter Shop: market place já ultrapassou R$ 17 bilhões em mercadorias transacionadas (GMV) (Intershop/Divulgação)

Inter Shop: market place já ultrapassou R$ 17 bilhões em mercadorias transacionadas (GMV) (Intershop/Divulgação)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Repórter de negócios e finanças

Publicado em 5 de julho de 2025 às 11h18.

Última atualização em 5 de julho de 2025 às 11h48.

Você piscou, apareceu mais uma black friday fora de época. O varejo não quer mais esperar as festividades de final de ano ou as datas de troca de presentes, como Dia das Mães e Namorados, para turbinar vendas. A ordem é aproveitar cada brecha de sazonalidade no calendário para criar “promopaloozas” e o senso de urgência do “é só hoje”, o desconto imperdível que vai acabar rápido. 

As datas duplas, quando dia e mês têm o mesmo número, viraram a premissa perfeita para essas ações. Funciona na China há quase duas décadas com o “Dia dos Solteiros” - a cada 11/11, são bilhões em vendas. Tem virado tradição no Brasil também, ainda que de uma forma mais, digamos, anárquica. 

O Mercado Livre (MELI34), por exemplo, anunciou promoções para todas as datas duplas de 2025 e esta segunda-feira, 7 de julho, não será exceção. A Shopee, que não trabalha com essa numerologia só uma vez no ano, também vai aproveitar a ocasião com lives e enxurrada de cupons. Afinal, é período de férias escolares e o Dia dos Pais também está logo ali.

Mas tem uma empresa que, garante, já usava a data dupla de julho para praticar descontos antes das outras - e nem se trata de uma varejista. “Não tem trademark, obviamente, mas essa data é nossa”, brinca Rodrigo Gouveia, CEO do Inter Shop, market place do banco digital cujo código é… 077. 

Mais do que afinidade com um número, o 07/07 colocou o Inter Shop no radar do mercado. Relatórios da época do primeiro Inter Day, em 2020, mostram analistas positivamente surpresos com os mais de R$ 30 milhões em TPV (volume total de pagamentos, na sigla em inglês) movimentados em um único dia. O mundo estava em quarentena por conta da pandemia e o e-commerce dava os primeiros sinais de aquecimento. Naquele mesmo ano, o Inter Shop atingiria seu primeiro bilhão em vendas.

Quando tudo ainda era mato

Com seis anos em operação - e seis Inter “Days” na conta - o market place já ultrapassou R$ 17 bilhões em mercadorias transacionadas (GMV), tem mais de 1 milhão de SKUs e uma base de 3,5 milhões de clientes ativos, conforme as demonstrações financeiras do Inter relativas ao primeiro trimestre (última disponível até agora). 

A concorrência também aumentou nesse tempo. O Inter Shop clama para si o posto de primeiro market place de um banco digital. Mas, hoje, seis em cada dez instituições financeiras têm seu ambiente de compras, conforme mostra a mais recente Pesquisa Febraban de tecnologia bancária, referente a 2024.

Os grandes players do e-commerce, como os já citados nesta reportagem, além da Amazon (AMZO34), que também terá seu Prime Day este mês, se somam a esse ambiente de disputa e até desregulam o sarrafo, com o apelo do frete grátis com entrega rápida, por exemplo. 

“Não sei o quanto isso para de pé no longo prazo para o varejista, porque subsidiar um custo de entrega same day ou next day é bastante caro”, avalia Gouveia. O Inter Shop é asset light nesse sentido, não tem um galpão de armazenamento e sequer e toda a logística é operada pelas lojas parceiras - são 700, no momento.

Não é porque a gente não faz [logística] que a gente não acompanha. Os parceiros querem ser mais rápidos e mais ágeis. Naturalmente, com isso, a gente melhora a experiência do cliente no final, porque ele recebe mais rápido o produto, por um frete mais barato. Mas a gente não mexe nesse ‘last mile’ aí”, explica o CEO. 

Um "credit as a service" para negociar

As armas do Inter Shop são outras. É o cashback que permite ao cliente começar a pagar  pelo produto meses depois da compra, ou o parcelamento sem juros em um maior número de prestações. São vantagens de um market place que opera dentro de uma instituição financeira. 

“É como se criássemos um credit as a service para os nossos parceiros”, diz Gouveia. Em contrapartida, o seller pode oferecer um frete grátis ou entrega rápida, por exemplo. 

Na estratégia para seguir ganhando tração, o Inter Shop também aposta em serviços e começou uma frente de reservas de passagens aéreas, diárias de hotel e aluguel de veículos. Antes do Inter Day, aliás, teve a Travel Week, com ofertas para viajantes. “A gente quer trazer o consumo do dia a dia para o ecossistema”, diz Gouveia. 

O Inter Day deste ano promete descontos de até 80% e cashback de até 30%. Eletrodomésticos e eletrônicos são carro-chefe do market place e pechinchas estão programadas para todo o mês de julho. Para correntistas do banco, as vantagens são maiores. 

Concorrência externa faz barulho, mas há potencial de crescimento dentro de casa mesmo. Os 3,5 milhões de clientes ativos são uma base ainda pequena perto dos 38 milhões de clientes do super app do banco. Se o 7 é número da sorte do Inter, duplicado, pode ajudar a melhorar essa equação.

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