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Nippon Steel paga US$ 14 bi pela U.S. Steel e cria segunda maior siderúrgica do mundo

Oferta foi quase o dobro do valor oferecido pela Clevenland-Cliffs em agosto

U.S. Steel: com custos operacionais mais elevados e fábricas mais antigos, empresa estava com dificuldade de fazer frente à concorrência (Justin Merriman/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

U.S. Steel: com custos operacionais mais elevados e fábricas mais antigos, empresa estava com dificuldade de fazer frente à concorrência (Justin Merriman/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 18 de dezembro de 2023 às 13h58.

Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 21h51.

Depois de muitas especulações sobre seu destino, a U.S. Steel fechou um acordo de venda para a Nippon Steel por US$ 14 bilhões, formando a segunda maior siderúrgica do mundo.

A aquisição será feita totalmente em cash e representa um prêmio de 40% sobre o fechamento da ação na sexta-feira – o que está fazendo a maior siderúrgica americana subir quase 30% no pregão de hoje.

Símbolo da industrialização americana e fundada há mais de cem anos, a U.S. Steel recebeu diversas ofertas de aquisição nos últimos meses. O processo teve início em agosto, quando a Cleaveland Cliffs – uma siderúrgica que teve crescimento exponencial nos Estados Unidos na última década e é comandada pelo brasileiro Lourenço Gonçalves – fez uma oferta de US$ 35 por ação, ou cerca de US$ 7,5 bilhões que foi rechaçada.

A Arcelor Mittal e a Esmark também estavam entre as concorrentes.

A compra fortalece a tese de consolidação da siderurgia nos Estados Unidos, hoje dominado por três empresas, Cleveland-Cliffs, Nucor e Steel Dynamics, e é um voto de confiança no bom ciclo siderúrgico no país.

Enquanto o mercado global está numa situação “dramática”, com preços do aço deprimidos em meio à desaceleração da economia chinesa, a dinâmica americana vem na contramão.

Com tarifas contra o produto chinês – que vem inundando o mundo e pesando inclusive sobre o mercado brasileiro – e estímulos à economia com o Inflation Reduction Act, a demanda e as margens nos Estados Unidos estão em um bom momento, ainda que com alguma desaceleração nos últimos meses.

Com custos operacionais mais elevados e fábricas mais antigos, a U.S. Steel estava com dificuldade de fazer frente à concorrência, o que a tornou um alvo fácil para fusões e aquisições. A receita caiu 17% nos nove primeiros meses de 2023.

A expectativa é que a transação, que depende da aprovação da órgãos regulatórios, seja concluída apenas no terceiro trimestre de 2024.

A U.S. Steel deve manter sua marca e sua sede em Pittsburgh, na Pensilvânia. Em seu anúncio, a Nippon afirmou que irá honrar os contratos firmados entre a U.S. Steel e o United Steelworkers, sindicato local, que a princípio, estava inclinado a só aceitar ofertas da Cleveland Cliffs, cujos trabalhadores estão abrigados sob o mesmo guarda-chuva.

O sindicato ratificou um contrato de quatro anos com a U.S. Steel em dezembro de 2022, que estabelece que um comprador deve estabelecer um novo acordo de trabalho antes de concluir a compra.

De acordo com o presidente da U.S. Steel, David B. Burritt, a junção das duas companhias cria uma “verdadeira siderúrgica global, que combina inovação e capacidade de atender às demandas dos clientes”.

Com capacidade de produção de 66 milhões de toneladas de aço por ano, a Nippon Steel já foi controladora da brasileira Usiminas e hoje tem 22% das ações. A saída do controle veio em março deste ano, depois de um longo e intenso cabo de guerra com a ítalo-argentina Ternium, que ficou com 42% dos papéis da Usiminas.

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