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Nestlé aposta em autoprodução de energia no Brasil em parceria com a Enel

Empresa de alimentos garante 40% de seu abastecimento no país com energia eólica; modelo de contratação vem ganhando cada vez mais adeptos

Fábrica da Garoto (ES): Uma das cinco unidades que vai ser abastecida com energia eólica (Alex Sander Bastos/Divulgação)

Fábrica da Garoto (ES): Uma das cinco unidades que vai ser abastecida com energia eólica (Alex Sander Bastos/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 19 de setembro de 2024 às 08h51.

Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 15h05.

Engrossando a lista das empresas apostando no modelo de autoprodução de energia no Brasil, a Nestlé fechou um contrato com a Enel para garantir o abastecimento de cinco fábricas, que respondem por 40% de suas necessidades energéticas, por meio da fonte eólica.

Na prática, as companhias estão formando um consórcio para atuar em autoprodução, em três usinas eólicas do Complexo Cumaru, em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte.

“Claro que garantir a disponibilidade e o preço da energia é importante, mas tem o aspecto de sustentabilidade também, de poder tangibilizar onde a energia que permite a fabricação dos nossos produtos está sendo produzida”, afirma o presidente da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior.

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As usinas operam desde o início de 2022 e fazem parte de um complexo de cinco parques, que demandou cerca de R$ 1 bilhão em investimentos e foi construído pela Enel Green Power, braço de energia renovável da companhia de capital italiano que tem ampla atuação no Brasil.

(Apesar de mais conhecida pelo público pela distribuição de energia em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, a Enel também atua em geração, com 6 GW de capacidade instalada no Brasil em 48 instalações solares, hidrelétricas ou eólicas.)

Parte da energia das usinas Cumaru já estava vendida em contratos de longo prazo mais tradicionais com a Nestlé no mercado livre – na qual a empresa de alimentos e bebidas era apenas cliente.

Agora, a parceria está se aprofundando na forma de um consórcio que vai arrendar as usinas, no qual a Nestlé será sócia, com participação de 40% a 47%.

A Enel Green Power será a líder dos consórcios e ficará responsável pela operação dos parques. Os valores envolvidos no contrato não foram revelados.

O modelo de autoprodução tem se tornado cada vez mais frequente no Brasil. Nele, as elétricas fecham parcerias com empresas interessadas em adquirir energia renovável, que se tornam sócias dos ativos em troca do acesso à energia gerada.

Um dos principais atrativos são as isenções: os autoprodutores não pagam encargos setoriais, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e Proinfa, e podem contar com desconto de 50% a 100% em tarifas de transmissão e distribuição. Há ainda possibilidade de venda de excedente de energia no mercado.

A autoprodução não é algo novo: desde o século XIX, empresas intensivas no uso de energia, como siderúrgicas e produtoras de alumínio, construíram suas infraestruturas próprias para garantir o abastecimento energético.

Mas nos últimos anos, a estrutura vem se popularizando, por meio de parcerias com as elétricas, que atuam como as operadoras dos ativos – e, mais recentemente, via arrendamentos dos parques eólicos e solares, seja na forma mais simples, ou na forma de consórcios.

Esse é o primeiro contrato desse tipo firmado pela Enel.

“Essa é uma modalidade que permite valorizar de forma mais estrutural o investimento feito na usina e, pela parte do cliente, dá a possibilidade d éter um abastecimento de médio a longo prazo com uma previsibilidade sobre o nível de preços que é mais difícil obter por uma estrutura convencional”, afirma Antonio Scala, CEO da Enel Brasil.

No caso da Nestlé, o abastecimento será voltado para cinco fábricas, nos estados de São Paulo (em São José do Rio Pardo e Ribeirão Preto), Espírito Santo (Vila Velha) e Minas Gerais (nos municípios de Ibiá e Ituiutaba), responsáveis pela fabricação de itens como leite Ninho, chocolates Garoto e produtos de nutrição animal da Purina. Foi por meio dessas unidades que foram celebrados os contratos de arrendamento das usinas.

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