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Nas Casas Bahia, um alívio necessário

Varejista consegue evitar vencimento antecipado de títulos que podiam chegar a mais de R$ 3 bilhões

Casas Bahia: ação chegou a menor valor histórico, de R$ 0,60 (Casas Bahia/Divulgação)

Casas Bahia: ação chegou a menor valor histórico, de R$ 0,60 (Casas Bahia/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 3 de outubro de 2023 às 15h49.

Última atualização em 3 de outubro de 2023 às 17h17.

A Casas Bahia conseguiu mais um “alívio” financeiro, mas vai ter que pagar mais caro por isso. Hoje, evitou, em assembleia, a antecipação do vencimento de uma dívida na casa de R$ 30 milhões relacionada a Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Um rebaixamento dos ratings dos títulos pela S&P no último mês disparou a quebra de cláusulas previstas em contrato.

No “teste para cardiáco”, como definiu a Genial Investimentos, a Casas Bahia passou, mas não sem sustos. Se os credores não acordassem em negociar, também seria acionada a antecipação do pagamento de debêntures nos quais os títulos estão lastreados, de R$ 3,2 bilhões.

Apesar de pulverizado, esses títulos estavam majoritariamente nas mãos de bancos e, dos credores presentes na assembleia, 90% aprovaram a não antecipação

Para conseguir a colher de chá dos titulares dos CRIs, a empresa teve que aceitar uma fatura maior. A remuneração de cada uma das séries dos CRI será acrescida do spread complementar de 0,55% a partir da data de pagamento seguinte à aprovação na assembleia.

A empresa também vai pagar um prêmio de 0,25%, multiplicado pelo prazo médio ponderado remanescente (duration), a ser calculado sobre o saldo do valor nominal unitário dos CRIs.

A negociação dá mais tempo para a Casas Bahia para tentar reorganizar a casa, na esteira do follow on de R$ 623 milhões e dos anúncios de reestruturação operacional, como redução de R$ 1 bilhão de estoques e fechamento de até 100 lojas.

O rebaixamento da nota pela S&P veio dias antes da conclusão de oferta, num dos fatores que ajudou a azedar o ânimo dos investidores com os papéis da companhia.

Na Bolsa, porém, a indicação é de que o mercado ainda quer ver mais para crer na recuperação da empresa. Nesta terça-feira, depois do anúncio do acordo com os credores, as ações caíam 4,76% perto das 15h, levando o papel para seu menor valor histórico: R$ 0,60.

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