(Bloomberg/Getty Images)
Editora do EXAME IN
Publicado em 6 de novembro de 2023 às 12h52.
Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17h38.
O mercado está difícil para ofertas de ações, mas a Eletrobras suspendeu hoje a venda de parte de sua fatia da transmissora Cteep por detalhes técnicos -- e um tanto banais.
Uma semana depois de comunicar que tinha contratado bancos para a estruturar a operação que deveria movimentar pelo menos cerca de R$ 3 bilhões, a companhia voltou atrás porque descobriu que uma parte dos papéis está dada em garantia para ações judiciais, segundo apurou o Exame IN.
Além disso, há uma cláusula, prevista em algumas emissões de debêntures da companhia que veda a venda de participações societárias que somem mais de 2% do patrimônio líquido da Eletrobras, atualmente em R$ 111 bilhões. Ou seja, a oferta não poderia superar R$ 2,2 bi.
Para seguir com a operação sem decretar vencimento antecipado das debêntures a empresa precisa da anuência dos debenturistas reunidos em assembleia, disseram duas fontes.
Em fato relevante divulgado na manhã de hoje, a companhia afirmou apenas que “foi constatado que o volume de ações que teria disponível para ser ofertado no momento estaria muito aquém do esperado para o seguimento imediato da operação”.
A Eletrobras tem 35,74% do capital total da Cteep – sendo 9,73% em ações ordinárias e 52,48% em papéis preferenciais, que tem mais liquidez. A participação da companhia é avaliada em pouco mais de R$ 5 bi.
A ideia era vender um bloco de pelo menos R$ 3 bi nas próximas semanas, via oferta de ações. Num mercado volátil, o timing era propício, na esteira da onda de otimismo para a Bolsa vinda com a queda dos juros longos americanos em meio ao esfriamento da economia dos Estados Unidos.
Agora, a companhia vai trabalhar para conseguir trocar as garantias e a expectativa é que a oferta seja retomada no começo do ano que vem ou, no cenário mais otimista, mais para o fim deste ano – como sempre, se o mercado permitir.
A Eletrobras tinha contratado um sindicato formado por Citi, Itaú, Safra e XP.
(Reportagem atualizada as 15h30 para incluir a informação sobre a cláusula das debêntures e corrigir o volume de ações dadas em garantia. Anteriormente, havíamos informado que se tratava de dois terços das ações, mas o volume é menor.)