Alpargatas: Havaianas tem quase 90% de participação de mercado no setor de chinelos (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 21 de março de 2025 às 07h30.
Última atualização em 21 de março de 2025 às 07h50.
Em 2024, a Alpargatas, dona da icônica marca Havaianas, deu passos importantes para reverter um período mais complexo.
A empresa, controlada por Itaúsa e Cambuhy, que juntas detêm cerca de 80% do capital social, passou por uma reestruturação significativa após enfrentar desafios como estoques excessivos, aumentos de preços e problemas logísticos.
Esses ajustes, além de mudanças no portfólio, foram cruciais para que a companhia se preparasse para um novo ciclo de crescimento em 2025, conta Liel Miranda, CEO da companhia, no novo episódio do Na sua Cesta.
Miranda assumiu a liderança da Alpargatas em fevereiro de 2024, trazendo consigo a experiência no mercado de consumo de ter sido presidente da Mondelez no Brasil, dona de marcas como Lacta e Trident.
A Alpargatas começou o ano de 2024 com foco na recuperação operacional. Após um período desafiador em 2023, quando enfrentou um descompasso entre a produção e a demanda, a empresa focou em ajustar seus estoques e reduzir custos operacionais.
A partir desses ajustes, a companhia viu sua margem melhorar e, em 2024, já gerou um caixa líquido de R$ 570 milhões, o que reflete a recuperação de sua saúde financeira.
“Em 2024, resolvemos o que estava gerando os maiores problemas. A redução de custos de produção, a normalização dos estoques e a reorganização do portfólio de produtos nos ajudaram a ter uma operação mais eficiente”, diz Miranda.
O foco da Alpargatas para 2025 está na retomada do crescimento, tanto no Brasil quanto no mercado internacional. A marca, que é um ícone no Brasil — com quase 90% de participação de mercado no setor de chinelos — ainda enfrenta desafios em países como os Estados Unidos e alguns mercados europeus, onde sua presença não é tão forte quanto no mercado nacional.
“O nosso objetivo é reconquistar o volume que a marca já teve no exterior e reforçar a percepção da Havaianas como um símbolo de estilo de vida, tanto no Brasil quanto lá fora”, explica Miranda.
O varejo tem sido uma parte essencial da estratégia da Alpargatas. Além de ser uma forte presença nas prateleiras de supermercados e atacarejos, a empresa tem investido na expansão de suas lojas. São mais de 600 lojas franqueadas no Brasil e 400 internacionais.
No mercado internacional, Miranda planeja focar seus esforços em 15 mercados-chave, incluindo Estados Unidos, França, Itália, Espanha, Austrália e alguns países da Ásia e África. Esses mercados foram selecionados com base no conhecimento da marca, distribuição existente e oportunidades de crescimento.
“Estamos apostando nos mercados onde já temos uma presença significativa e onde podemos aumentar nossa distribuição. Em 2025, queremos recuperar a participação de mercado que perdemos nos últimos anos, especialmente nos Estados Unidos e Europa”, afirma Miranda.
A expansão internacional é um dos pontos mais desafiadores para a empresa. Apesar de ser amplamente reconhecida no Brasil, a Havaianas ainda enfrenta dificuldades para aumentar sua participação de mercado fora do país, com desafios como aumento de preços e mudanças logísticas que impactaram as vendas.
No entanto, após os ajustes, Miranda acredita que a empresa está mais preparada para voltar a crescer nesse setor e reconquistar consumidores que deixaram de comprar Havaianas nos últimos anos.
Outro ponto importante da estratégia da Alpargatas é a sua participação na Rothy's, marca americana de calçados sustentáveis. Em 2023, a Alpargatas comprou 49% da Rothy's, fortalecendo sua posição no mercado global e reforçando o compromisso com a sustentabilidade.
“A Rothy's tem crescido 10% a 15% ao ano e, em 2024, gerou EBITDA positivo pela primeira vez. Ela representa uma boa oportunidade para expandirmos nossa presença nos Estados Unidos e em outros mercados internacionais”, diz Miranda.
“2025 será o ano da recuperação. Estamos mais fortes, com um portfólio mais competitivo e com a estratégia certa para reconquistar mercados internacionais. A Havaianas é um ícone no Brasil e nossa missão agora é fazer dela um ícone global”, conclui Liel Miranda.