Copel: Sem exposição à renovação de concessões, UBS vê empresa com boa relação entre risco e retorno (Copel/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 29 de abril de 2024 às 15h19.
Última atualização em 29 de abril de 2024 às 16h53.
Os últimos meses têm sido de intenso barulho político no setor elétrico, com pouca clareza no cenário para renovação das concessões de distribuidoras, congelamento de tarifas no Amapá e preços da energia próximos das mínimas históricas.
Isso, associado às taxas de juro que podem se manter altas por mais tempo que o esperado, formou uma tempestade perfeita para as elétricas listadas em bolsa.
Desde o começo do ano, o Índice de Energia Elétrica (IEE) cai 8%, o dobro do recuo de 4% do Ibovespa.
Em relatório divulgado hoje, o UBS fez as contas para identificar oportunidades em meio à ressaca generalizada dos papéis do setor — e reforçou seu call de compra para Copel, colocando a antiga estatal paranaense como sua preferida, com melhor relação de risco e retorno.
“Vemos o nome com boas perspectivas de crescimento dentro de seu controle, ao mesmo tempo que ele não sofre com a volatilidade do processo de renovação de concessões”, escreve a equipe liderada por Giuliano Ajeje.
Nas contas do banco, a empresa negocia a uma taxa interna de retorno de 15%, ante uma média de 11,4% do setor, e um dividend yield de 6,7% entre 2024 e 2028, acima da média de 5,5%.
Além disso, o banco estima que a companhia tenha um crescimento de 10,4% anual no Ebitda entre 2024 e 2028 e diz que ela está pouco alavancada, o que a deixa menos suscetível aos juros mais altos.
No cenário de risco político elevado, o UBS prefere as distribuidoras de energia mais voltadas para regiões abastadas, em contraposição àquelas que têm maior percentual de consumidores de baixa renda.
O banco também está mais cauteloso com as geradoras de energia renovável, já que desde o apagão de agosto de 2023, o Operador Nacional do Sistema (ONS) vem despachando mais térmicas para preservar reservatórios das hidrelétricas — o que também se traduz em menor despacho eólico e térmico.
Ajeje afirma também que, num momento de maior percepção de risco, os investidores têm premiado estratégias de dividendos em relação às de crescimento.
Nesse sentido, o analista chama a atenção para outros dois casos. O primeiro é o da Alupar, “um operador top tier com um bom carry de dividendos, eu também evitaria os ruídos mais pesados do setor”.
O segundo é da Cemig. “Apesar das notícias sobre uma possível federalização, ela deve ter uma assimetria positiva de dividendos por causa da venda da Aliança Energia e um potencial haircut em passivos referentes a planos de aposentadoria”, aponta. A expectativa do banco é de um dividend yield de 10,5% para a estatal mineira.
Nos dois casos, no entanto, apesar do bom potencial em proventos, o UBS destaca que os valuations já estão mais esticados e, por isso, têm recomendação neutra.