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Na Renner, o adeus de Galló e um quarto trimestre de alívio

Há 32 anos na varejista, o ex-CEO vai deixar o conselho de administração, que presidia há cinco anos; no operacional, companhia começa a ver melhoria no horizonte

 (Marcos Gouveia/Divulgação)

(Marcos Gouveia/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 14 de março de 2024 às 20h37.

Última atualização em 15 de março de 2024 às 20h52.

Depois de trimestres de números ruins no varejo, pressão de ajustes na operação financeira e custos operacionais mais altos com a migração para o novo centro de distribuição, a administração do grupo de moda Renner viu o último trimestre de 2023 com alívio. O período também marca o fim de uma era: 32 anos depois, José Galló, chairman e ex-CEO, está deixando a empresa.

De outubro a dezembro, a receita total cresceu 6%, para R$ 4,27 bilhões, com as vendas do varejo ficando 7% maiores. O lucro líquido avançou 9%, para R$ 526,89 milhões, numa melhora gradativa que o mercado já esperava.  

“Começamos o ano bem com esse fechamento de 2023. Foi um ano de ajustes. Já vínhamos falando de recuperação gradual, mas ainda estamos em momento de transformação. Então vemos, agora, um ciclo longo de crescimento à frente”, diz o CEO, Fabio Faccio, em entrevista ao INSIGHT.  

No fim de 2023, a companhia concluiu a migração total de sua operação para o novo CD, de Cabreúva. Com tecnologia de automação e análise de dados somada a inteligência artificial, o objetivo da Renner é chegar à personalização da distribuição dos itens por loja e cliente. O objetivo, conta Daniel Martins do Santos, CFO do grupo é aumentar a assertividade de coleção, reduzindo, também, o tempo de ida ao mercado, o que já começou a aparecer no quarto trimestre.  

O CFO destaca que o quarto trimestre foi de mais fluxo nas lojas e conversão em vendas. As vendas de vestuário cresceram 9,3%, o dobro da pesquisa mensal de comércio do IBGE. Esse crescimento veio principalmente por volume e não por preço. Nessa equação, além de uma melhora desempenho das lojas em praças populares, que estavam sofrendo mais para se recuperar, a empresa seguiu com uma estratégia “mais assertiva de preço e de coleção”, diz ele.  

Uma das apostas da Renner foi fazer coleções de entrada com preços mais acessíveis e proposta de melhor custo-benefício, numa tentativa de responder à sangria causada pela competição com Shein e cia especialmente no primeiro semestre de 2023. Na primeira metade do ano, a empresa precisou liquidar mais para reduzir estoques e fazer a coleção girar, o que pressionou a margem bruta. No quarto trimestre, a margem bruta já estava estável em relação ao mesmo período do ano anterior, em 55,9%, e os estoques ficaram 3,4% menores.  

Na Camicado, sua marca de itens para casa e operação de varejo mais pressionada até então, os ajustes também levaram a melhora nos números. Foram 16 lojas fechadas por estarem deficitárias. As vendas ficaram estáveis em receita e cresceram 11,6% em mesmas lojas no quarto trimestre, com a divisão chegando ao seu oitavo trimestre seguido de crescimento de margem bruta, para 53,5%.  

Outro ponto de pressão para os números finais estava na operação do braço de serviços financeiros, um negócio em que as concorrentes C&A e Guararapes, por meio da Midway, estavam demonstrando mais acertos ao longo do ano. Em 2023, a Realize precisou ser mais conservadora na concessão de crédito e fazer ajustes importantes. A inadimplência de mais de 90 dias caiu quase 20% em relação ao quarto trimestre de 2022 e 12,6% ante o terceiro trimestre de 2023, numa melhora gradual.  

“Indicadores de inadimplência vão continuar melhorando, mas o período mais doloroso de ajustes já foi. Agora vamos ver uma melhora na originação. Não existe cabalo de pau. Vai ser uma evolução gradual”, diz Santos.  

A retomada da concessão de crédito com qualidade é importante, lembra Faccio, porque ajuda não só na receita da Realize, como nas vendas do varejo. O cartão Renner passou de 34% das vendas para algo em torno de 28% ao fim de 2023.   

Fim do ciclo Galló 

O novo ciclo da varejista também será marcado pela despedida de Galló, que não vai mais integrar o conselho a partir da próxima eleição do colegiado, na assembleia de 18 de abril. Galló estava há cinco anos como chairman, depois de quase três décadas como CEO. No total, ele ficou 32 anos no grupo.  

Ele já vinha trabalhando sua sucessão no conselho, explica Faccio. Na mensagem do edital da AGO, Galló diz que vai se dedicar a projetos pessoais e empresariais de sua família. Além dele, Thomas Herrmann, que estava há 14 anos no board, também optou por não compor mais a chapa. O conselho decidiu propor André Castellini e Andréa Rolim para substituí-los. No total, são oito conselheiros.  

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