Exame IN

Na Renner, direção diz que a pressão ficou para trás: 'vamos ficar mais rentáveis a cada tri'

Em entrevista ao INSIGHT, CEO e CFO destacam que companhia entrou, agora, em nova rota de crescimento

Renner: margem EBITDA ajustada da Renner atingiu 21,2%, um aumento de 5,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024 (Vini Dalla Rosa/Divulgação)

Renner: margem EBITDA ajustada da Renner atingiu 21,2%, um aumento de 5,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024 (Vini Dalla Rosa/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 9 de maio de 2025 às 12h15.

O ceticismo com a capacidade da Renner de voltar a entregar crescimento pode começar a ficar para trás a partir da divulgação do primeiro trimestre.

Por anos, a companhia foi uma das queridinhas do mercado no varejo, mas o papel perdeu força no último ano em meio à pressão das margens, causadas pela onda de investimentos (especialmente seu centro de distribuição automatizado em Cabreúva) e pelo cenário mais acirrado de concorrência com a escalada da Shein.

Os números do primeiro trimestre, porém, já sinalizam um horizonte melhor.

"Fizemos um ciclo de investimentos que tinha como objetivo nos deixar preparados para um ciclo de crescimento. Daqui por diante, os ganhos virão conforme crescemos receitas acima das despesas", diz Daniel dos Santos, CFO da Renner, em entrevista ao INSIGHT.

SAIBA ANTES: Receba as notícias do INSIGHT no seu Whatsapp

“Ter alavancagem operacional nos permite ganhar rentabilidade acima da base que temos hoje e é o que esperamos atingir sequencialmente ao longo dos próximos trimestres."

A varejista encerrou o primeiro trimestre de 2025 com resultados sólidos, superando as expectativas do mercado.

O lucro líquido de R$ 221 milhões no primeiro trimestre representou alta de 58,7% ante o mesmo período de 2024. A receita líquida cresceu 12%, para R$ 3,26 bilhões, enquanto o EBITDA ajustado avançou 54,9%, para R$ 585,2 milhões.

Nesta sexta-feira, os papéis da companhia sobem mais de 5%.

A empresa registrou um crescimento de 12% na receita líquida e 13% nas vendas de vestuário, com a base de clientes aumentando em 8,4%, ultrapassando os 20 milhões de clientes.

Parte do sucesso na retomada do fôlego da Renner tem a ver com a gestão eficiente de custos e despesas. As despesas de vendas cresceram a um ritmo mais lento do que a receita, resultando em diluição de despesas de 1,3 ponto percentual.

"Nossas receitas estão crescendo mais do que as despesas de vendas, aumentou a diluição. É um bom patamar de receita somado a um trabalho de gestão de despesas," diz Fabio Faccio, CEO da Renner.

A margem EBITDA ajustada da Renner atingiu 21,2%, um aumento de 5,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024, devido à melhora nas operações de varejo e serviços financeiros.

A Realize, unidade financeira do grupo, teve um forte desempenho, com a inadimplência caindo significativamente. A companhia também manteve 4,7 milhões de clientes ativos no trimestre. "A Realize teve um trabalho muito sólido e estamos vendo a inadimplência caindo cada vez mais," afirma o CEO Fabio Faccio.

O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) observa que a empresa se beneficiou de uma gestão mais eficiente de estoque e preços, o que contribuiu para a expansão da margem bruta de 0,6 p.p. no trimestre.

O banco também destaca o crescimento de 28% da Youcom e a margem bruta de 59,8% no segmento, como indicadores de um desempenho positivo e sustentável.

“O crescimento de 28% da Youcom foi impulsionado pela execução operacional e pela maior atratividade da marca, com aumento expressivo na base de clientes ativos", afirma o time do BTG Pactual.

O Bradesco BBI destacou ainda que o crescimento no mercado de vestuário foi 5% acima do mercado e que a estratégia de inovação digital tem gerado resultados. “A Renner se beneficiou de uma expansão digital que contribuiu para o aumento da rentabilidade, com uma melhoria na conversão tanto no site quanto no app", escreveram os analistas.

A despeito do ambiente de juros mais altos, a companhia mantém seus planos de investimentos para o ano, concentrados especialmente em abertura de novas lojas. A previsão é de investir de R$ 800 milhões a R$ 850 milhões.

"O patamar de juros está realmente muito elevado, mas nossas projeções e expectativas de investimento para o ano já consideravam o aumento. Lógico que é mais fácil investir com juros mais baixos, mas temos projetos muito bons e rentáveis. E consideramos até acelerar," diz Faccio.

Acompanhe tudo sobre:VarejoConsumoModaRennerBalanços

Mais de Exame IN

Em trimestre difícil, Unipar faz lição de casa e entrega melhora de margem

“Fusão com qualquer player listado tem sinergias claras”, diz CEO da Cogna

Assaí corta projeção de lojas mais uma vez e vê cliente migrando para marcas mais baratas

Ambev: volume de cerveja ainda está longe do teto, diz CFO