Exame IN

Na Raízen, E2G e oportunidade de preço atraem mais um grande investidor: SPX alcança fatia de 7,3%

Lista de minoritários com grandes posições cresce, além de Baillie Gifford e GIC, maior gestora brasileira de recursos investe na criação de Rubens Ometto

Raízen: companhia tem cinco unidades de etanol de segunda geração anunciadas - três já em construção (Getty Images/Getty Images)

Raízen: companhia tem cinco unidades de etanol de segunda geração anunciadas - três já em construção (Getty Images/Getty Images)

Graziella Valenti
Graziella Valenti

Editora Exame IN

Publicado em 3 de abril de 2023 às 16h54.

Última atualização em 3 de abril de 2023 às 16h54.

Um futuro descarbonizado via etanol está ganhando mais e mais adeptos. Depois do fundo soberano de Singapura, o GIC anunciar uma posição de 5,1% na semana passada, agora é a vez da SPX montar seu pé de meia na Raízen (RAIZ4), a produtora de etanol e distribuidora de combustíveis que é controlada pelos grupos Cosan (CSAN3) e Shell. A maior gestora do mercado brasileiro, com cerca de R$ 75 bilhões sob gestão (considerando todas as modalidades de investimentos), informou ter alcançado uma fatia de 7,3% das ações preferenciais da empresa.

De acordo com informações da plataforma Trademap, a empresa é acompanhada por sete analistas. Todos eles têm recomendação de "compra" para a ação, com uma projeção de preço-alvo entre R$ 5,00 e R$ 8,00. A média dos cálculos equivale a um potencial de valorização de 150%, considerando que os papéis são negociados neste momento em torno de 2,80. A Raízen estrou na B3 em agosto de 2021, com a ação em R$ 7,0. Pelas datas dos anúncios, tanto GIC e SPX fizeram aquisições no período de mínima – o menor preço foi marcado em 24 de março, a R$ 2,41.

Desde o IPO, a Raízen exibe em sua estrutura societária a gestora escocesa Baillie Gifford, conhecida por ser de longo prazo. No Brasil, a casa tem apenas B3, além da produtora de etanol idealizada pelo empresário Rubens Ometto.

Cada dia mais, ganha força o discurso, pelas próprias montadoras de automóveis, de que a redução da emissão de carbono no setor se dará pela adoção do etanol – ao menos no Brasil, onde a infraestrutura de distribuição está pronta, pois são os atuais postos de combustíveis. O entendimento é que o modelo é mais competitivo que o carro elétrico e com a mesma eficiência energética.

O presidente do grupo Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa, é um dos defensores do biocombustível. Para ele, é chegado o momento de o Brasil privilegiar o consumidor que adotar o etanol, que reduzi em mais de 60% a pegada de carbono em comparação com a gasolina. A companhia apresentou na semana passada, conforme matéria veiculada nesta segunda-feira, dia 3, pelo Valor Econômico, os resultados de uma pesquisa a respeito da eficiência de veículos, comparando a emissão de CO² a partir de diversos combustíveis.

O resultado é que o carro movido a etanol, de 1ª Geração, é praticamente equivalente ao carro elétrico com a matriz energética brasileira (muito mais limpa que a europeia). O carro movido a gasolina teve o pior desempenho, com a emissão de 60,64 quilos, seguido pelo elétrico com uso de energia elétrica gerada na Europa, com 30,4 quilos. O veículo abastecido com etanol ficou em 25,8 quilo, ante a 21,5 quilos do elétrico a partir da energia da matriz brasileira. O grupo Stellantis engloba 20 marcas e é resultado da união de duas fabricantes, a Fiat-Chrysler e o Grupo PSA.

Além de ser a maior produtora do Brasil de etanol de primeira geração (E1G), aquele feito a partir do corte da cana-de-açúcar, a Raízen é detentora da tecnologia para produção do etanol de segunda geração (E2G), feito a partir do bagaço da cana – ou seja, da sobra do primeiro uso para produção de etanol ou açúcar. O E2G é 30% menos poluente que o E1G. Ou seja, terá uma emissão inferior a do carro elétrico mesmo no Brasil, cuja fonte é mais de 80% limpa e renovável. A gasolina brasileira, que já contém uma mistura de etanol para ser menos nociva, emite 87 gramas de dióxido de carbono para cada megajoule de energia, ante a 23 gramas do etanol de cana e a 16 do etanol do bagaço da cana.

Quando fez o IPO na B3, a Raízen queria ser comparada à finlandesa Neste, produtora de biodiesel – e que era negociada a 16 vezes a geração de Ebitda, ante as sucroalcooleiras brasileiras que, por serem de um mercado cíclico e suscetível a intervenções do governo, são avaliadas entre 5 e 7 vezes Ebitda - , mas não conseguiu. A companhia buscava uma avaliação de R$ 100 bilhões. Não deu e estreou valendo R$ 70 bilhões. Nas últimas semanas, a empresa tem variado entre R$ 25 bilhões e R$ 28 bilhões. Na época da estreia, havia muito ceticismo quanto ao E2G. Agora, a empresa tem cinco plantas anunciadas – três em construção e duas com os locais já definidos.

Também na semana passada, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) decidiu finalmente a alíquota do ICMS para gasolina e ficou estabelecido um valor fixo de R$ 1,22 por litro. A retomada da cobrança de impostos sobre a gasolina deve fazer com que o etanol retome sua competitividade comparativa.

Relembre a entrevista de Ricardo Mussa, CEO da Raízen, ao Talk Show do EXAME IN:

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:RaízenCosanShellCana de açúcarEtanolBiocombustíveisCombustíveis

Mais de Exame IN

Vinci compra controle do Outback no Brasil em operação de R$ 2 bi

Magazine Luiza lucra R$ 70 milhões no 3º tri e bate (de longe) consenso

Para lidar com juros altos, Assaí reduz alavancagem e fica menos promocional no 3º tri

MELI despenca 15% com pressão em margens. Os comprados veem um bom deja vu