Exame IN

Na Pague Menos, integração com Extrafarma avança – mas dívida ainda pesa

Rede de farmácias fechou terceiro trimestre com prejuízo contábil de R$ 23,7 milhões

Pague Menos: conversão de loja Extrafarma deve continuar no quarto trimestre (Leandro Fonseca/Exame)

Pague Menos: conversão de loja Extrafarma deve continuar no quarto trimestre (Leandro Fonseca/Exame)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 6 de novembro de 2023 às 20h52.

Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17h37.

Com redução na inauguração de lojas e cortes de custos, a Pague Menos entregou um resultado operacional melhor no terceiro trimestre – o segundo de Ebitda positivo na Extrafarma. Mas a dívida elevada por conta da aquisição da rede que pertencia ao grupo Ultra pesou no balanço, que fechou um prejuízo de R$ 23,7 milhões, ante R$ 305 mil no mesmo período do ano passado. Considerando efeitos não recorrentes, o prejuízo foi de R$ 400 mil, ante lucro de R$ 14,4 milhões no ano anterior.

Para conter o avanço da alavancagem em um ambiente de juros altos, a companhia realizou um aumento de capital de R$ 332 milhões no trimestre passado, mas o efeito sobre as despesas financeiras deve ser capturado mais nos últimos três meses do ano, afirma o VP financeiro, Luiz Novais.

“O efeito do aumento de capital e das melhorias operacionais deve se traduzir melhor no quarto trimestre. Se não fosse o aumento da despesa financeira, teríamos apresentado R$ 80 milhões de lucro”, diz.

Enquanto isso, a despesa financeira mais do que dobrou na comparação anual, chegando a R$ 120,4 milhões. A companhia fez um pagamento de R$ 198 milhões referente à aquisição da Extrafarma no trimestre.

A captação do trimestre passado já foi usada para pagar parte da dívida, levando a alavancagem de 3 vezes para 2,4 vezes. Até o fim do ano que vem, a ideia é levar esse indicador de volta para 1,7 vez — mesmo patamar de 2022.

Nos três meses findos encerrados em 30 de setembro, o faturamento cresceu 16,2%, para R$ 3 bilhões, em linha com as estimativas da equipe do Itaú BBA. As vendas mesmas lojas (SSS, no jargão) subiram 11,5% na bandeira Pague Menos, com uma desaceleração de 3,4% em Extrafarma.

O Ebitda aumentou 41,4% na comparação anual, para R$ 143,8 milhões, um pouco acima do que previa o mercado. A margem Ebitda no período aumentou 0,9 ponto percentual na comparação anual, para 4,7%, impulsionada principalmente pela nova gestão na Extrafarma. E a geração de caixa aumentou 62,4%, para R$ 176,8 milhões.

O avanço dos indicadores está relacionado a uma gestão de olho na eficiência e em cortes de despesas. Em marketing, a companhia concentrou a maior parte do investimento de marca no patrocínio ao BBB, no início do ano, o que permitiu reduzir investimentos no segundo semestre.

Do lado operacional, no terceiro trimestre, reduziu o número de funcionários por loja em 4%, por exemplo, e fechou quatro lojas. No início do ano, a companhia tinha projeção de inaugurar 60 lojas, número que foi reduzido para 20.

A companhia tem acelerado a conversão de lojas de Extrafarma para a bandeira Pague Menos. No terceiro trimestre, foram 11 lojas e outras 44 estão programadas para troca de bandeira no quarto trimestre. A ideia é testar a aquisição os resultados da estratégia de conversão – que pode envolver mais lojas em 2024. Hoje, ao todo, a empresa tem 1284 lojas Pague Menos e 364 da Extrafarma.

A estimativa da rede de farmácias é que a integração da aquisição, feita no fim de agosto de 2022, leve ao todo 30 meses.
No final, a companhia estima de R$ 180 milhões a R$ 275 milhões de Ebitda incremental. Só nos primeiros 12 meses, foram capturados R$ 113 milhões.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasVarejoFarmáciasBalançosPague MenosSaúdeMercados

Mais de Exame IN

Fim do 'shutdown' não resolve apagão de dados, diz Meera Pandit, do JP Morgan

Avon podia ter salvado Natura do tombo, mas ainda não estava pronta

BTG Pactual bate novos recordes no 3º trimestre e lucra R$ 4,5 bilhões

Nem Cook, nem Musk: como Huang, da Nvidia, virou o maior aliado de Trump