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Na Multiplan, o dinheiro vai seguir trabalhando, mesmo com juros altos, diz CFO

Ciclo de investimento via expansão de shopping centers está chegando ao fim - e a companhia não descarta voltar às compras

Armando d'Almeida Neto, CFO da Multiplan (Divulgação)

Armando d'Almeida Neto, CFO da Multiplan (Divulgação)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Repórter de negócios e finanças

Publicado em 24 de julho de 2025 às 20h38.

Última atualização em 24 de julho de 2025 às 21h04.

Depois de divulgar os resultados do segundo trimestre de 2025, com queda no lucro, mas números que vieram acima das projeções do mercado, a Multiplan diz que não vai parar de colocar "o dinheiro para trabalhar" - mesmo que os juros da economia tenham chegado a 15%. "Mais fácil seria pagar dívida, deixar o dinheiro aplicado. Nós estamos investindo, gerando emprego, abrindo espaço para o varejo crescer", disse Armando d'Almeida Neto, CFO da companhia ao INSIGHT.

A dívida líquida da administradora de shopping centers chegou a R$ 4,3 bilhões ao final do último mês de junho, mas a estabilidade da alavancagem em relação ao primeiro trimestre, a 2,27 vezes na relação entre dívida líquida e Ebitda, ainda deixa a companhia em situação confortável, afirma o executivo. "É muito baixo. Historicamente, já tivemos a 3,1 e até 3,5 em fases de crescimento, como essa que estamos vivendo".

A Multiplan está chegando ao fim de um ciclo de crescimento baseado em expansões e revitalizações. A ampliação do Parque Shopping  Maceió deve ser concluída ainda este ano. As do Parque Shopping Brasília e do Morumbi Shopping, ao longo do ano que vem. O que vai vir depois disso, em termos de investimento, é um mistério. "Oportunidades de comprar uma participação, um shopping de terceiros, podem aparecer. E nós vamos avaliar", diz o CFO. De qualquer forma, com as expansões, a companhia vai ser capaz de manter o ritmo de crescimento operacional, garante.

Fato é que a Multiplan terminou o segundo trimestre com R$ 742,3 milhões em caixa, 40,3% a menos que a posição que tinha ao final de março. Mas a tendência é que o capex da empresa, que sofreu uma redução de 44,7% no segundo trimestre, continue caindo, diz Neto, desalavancando a companhia naturalmente. Ao mesmo tempo, o CFO aposta na manutenção de margens robustas. A margem sobre receita operacional líquida (margem NOI) da Multiplan chegou a 95%, a maior já registrada. "Isso gera muito caixa".

Recompra de ações, algo no qual a companhia gastou R$ 2 bilhões, parece não ser algo considerado por agora, até porque esse movimento deixou uma marca no último balanço da companhia, fazendo a despesa financeira mais que dobrar e impactando a linha final.

"A gente tem que ter o pé no chão, pois fizemos uma 'mega' recompra no ano passado, muito grande para o tamanho do mercado, a maior da história da companhia e que gerou um bom valor para os nossos acionistas", afirma o CFO.

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