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Na era do PIX, Stone cria maquininha sem maquininha para expandir receita

Companhia oferece aplicativo gratuito, com conta e cartão, para autônomos receberem pagamentos por aproximação no débito e no crédito

Augusto Lins: "o brasileiro está se digitalizando financeiramente numa velocidade incrível após a pandemia" (Stone/Divulgação)

Augusto Lins: "o brasileiro está se digitalizando financeiramente numa velocidade incrível após a pandemia" (Stone/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 24 de agosto de 2021 às 10h01.

Última atualização em 24 de agosto de 2021 às 10h42.

Na era da desmaterialização, não daria para ser diferente. A próxima fronteira de produtos que a Stone coloca hoje na rua é a maquininha sem maquininha. A solução mira os 30 milhões de profissionais liberais e microempreendedores, mercado que a companhia explora por meio da controlada Ton.

A novidade, chamada Tap Ton, é um aplicativo — encontrado no Google Play e na Apple Store — gratuito que transforma o celular em uma máquina que recebe pagamentos de cartão de débito e crédito. A solução não demanda leitor de cartão, pois funciona, exclusivamente, por meio da tecnologia de aproximação (conhecida pela sigla NFC ou aquelas três ondinhas desenhadas no cartão), para as bandeiras Mastercard e Visa.

Augusto Lins, presidente da Stone, explica que junto com o aplicativo, o usuário ganha também uma conta, por meio da qual pode fazer e receber PIX, pagar boletos, tributos, fazer transferência e toda sorte de serviços bancários. Com a conta, vem o cartão, que funciona na modalidade pré-paga, por meio do saldo disponível na conta.

A Ton foi criada no começo de 2020 e tinha 190 mil clientes ativos ao fim de março deste ano, sendo que 76 mil foram conquistados no primeiro trimestre deste ano. A companhia, porém, não divulga qual a movimentação financeira (TPV) dessa base. “Quando a Stone decidiu atender o mercado de pequenas e médias empresas, colocou todo foco em qualidade de atendimento e capilaridade. Agora é o mesmo com o mercado de MEI [microempreendedor individual]. Vamos fazer de tudo para simplificar a vida do cliente”, destaca Lins, que tem no consumidor de seus produtos e serviços um mantra.

O total de pagamentos (TPV) realizados por meio da Stone foi de R$ 51,1 bilhões de janeiro a março deste ano, com expansão de 35%. Entretanto o ritmo no segmento de pequenas e médias foi maior: incluindo Pagar.me e Ton, a expansão alcançou 45% na comparação anual.

Caio Fiuza, presidente da Ton, reforça que a grande diferença é que esses produtos são totalmente desenvolvidos para esse público. “Não adianta querer vender a mesma coisa que a Stone oferece para empresas.” A Ton também oferece o POS (maquininha) se o cliente quiser, mas a ideia com o aplicativo é ampliar ainda mais o leque.

“Vamos atender a manicure, o massagista, o personal trainner”, todo tido de profissional autônomo, em sua maioria prestadores de serviços. “A demanda por esse tipo de funcionalidade só vai aumentar. Muita gente que perdeu emprego na pandemia, partiu para empreender individualmente”, completa Lins.

A companhia, que hoje atua nas frentes de software e também de crédito, já se posiciona para os novos serviços financeiros que surgem cada vez mais no mercado e prescindem da intermediação da maquininha, como PIX e as transferências pelo WhatsApp. Em maio, o Banco Central divulgou que as transações via PIX já superavam boletos, TED, DOCs e cheques somados. Naquele mês, ao completar seis meses de aplicação, a nova tecnologia acumulava um total 1,5 bilhão de transações, que movimentaram R$ 1,1 trilhão.

“O brasileiro está se digitalizando financeiramente numa velocidade incrível após a pandemia. O auxílio emergencial pago dessa forma ajudou as pessoas perderem o medo da tecnologia”, acredita Augusto Lins.

Se por um lado o novo serviço não traz receita de aluguel de maquininha ou prestação de serviço, por outra a Stone preserva e amplia o mercado que pode acessar como receita por transações financeiras. A expansão do TPV da empresa fez essa receita crescer 40% na comparação anual, totalizando R$ 318,3 milhões de janeiro a março, ou 36,7% do total.

O total de 30 milhões de pessoas é uma estimativa das pessoas físicas que são prestadoras de serviços, ainda que não tenham o cadastro como MEI. Fiuza explica que para usar o Ton não é necessário CNPJ, ou seja, a contratação pode ser feita via CPF mesmo.

Dados do Ministério da Economia, apontam que as microempresas individuais respondem por quase 57% dos negócios em funcionamento no país. No ano passado, houve um crescimento de 8,5% na base. Das 3,4 milhões de empresas abertas em 2020, 2,7 milhões foram por meio do registro de MEI — com faturamento até R$ 81 mil por ano. Oficialmente, são 11,3 milhões de MEI ativos cadastrados no ministério.

A Stone encerrou o primeiro trimestre deste ano com receita líquida de R$ 867,7 milhões, uma expansão de 21% sobre igual período de 2020. O lucro líquido cresceu 15,5%, para R$ 187,4 milhões. O balanço do segundo trimestre está programado para dia 30 deste mês.

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