(Bloomberg/Getty Images)
Publicado em 23 de agosto de 2023 às 10h11.
Última atualização em 23 de agosto de 2023 às 13h48.
Cerca de um ano depois de uma tentativa frustrada de assumir o controle da Zamp, dona das redes de fast-food Burger King e Popeyes, o Mubadala está de volta ao jogo, confirmando as suspeitas que pairavam o mercado nos últimos dias.
Após um leilão movimentado ontem na B3 que fez o papel girar mais de 20 vezes seu volume médio diário, o fundo de Abu Dhabi anunciou que atingiu uma participação de 17,4% no capital da companhia, tornando-se seu maior acionista.
Até então, o Mubadala voava abaixo do radar, com uma participação inferior a 5% da empresa.
Ainda não está clara qual será a estratégia, mas o fundo sinalizou que segue com apetite. Em documento enviado à CVM, disse que “avalia eventuais aquisições de participações adicionais”, embora afirme não visar uma participação-alvo pré-definida e nem alteração do controle da companhia.
E ressaltou que quer influência da empresa – nas suas próprias palavras, com “objetivo de ativamente junto à companhia e contribuir no desenvolvimento e na execução de suas estratégias de crescimento de longo prazo”.
O timing é, no mínimo, curioso. A movimentação vem uma semana antes de uma assembleia que quer colocar uma poison pill no estatuto da companhia, fazendo com que qualquer acionista que atinja o percentual de 25% seja obrigado a realizar uma oferta para todo o capital da companhia.
A proposta foi apresentada pela gestora Mar Asset, que tem pouco mais de 5% do capital.
O mercado já especulava que o Mubadala tinha voltado a olhar para o Burger King desde a semana passada, quando a corretora do JP Morgan marcou para ontem um leilão de compra de 4,9% das ações da Zamp.
A demanda foi muito além e, em termos de volume, a Zamp teve seu dia de Petrobras. No pregão de ontem, a dona do BK negociou mais de 45 milhões de ações, muito acima do volume médio diário, que gira em torno de 1 milhão a 2 milhões de ações.
O papel fechou o dia a R$ 5,21, alta de 20% frente ao pregão anterior, com volume de mais de R$ 250 milhões, entre os maiores do Bolsa.
A Vinci Partners, uma das maiores acionistas da Zamp na época do IPO, foi uma das principais vendedoras e reduziu sua participação de 5,2% para 3,1%, segundo comunicado divulgado a CVM.
Desde que o Mubadala tentou assumir o controle em setembro de 2022, as ações da Zamp implodiram, passando de pouco mais de R$ 8 para cerca de R$ 4 logo antes do leilão de ontem.
No ano passado, o fundo árabe fez uma oferta para comprar 45% do capital (o que somado a sua participação lhe daria controle), a R$ 8,31 por ação, mas acionistas com mais de 22% do capital se negaram a vender. A Zamp sempre foi uma corporation, com capital disperso na Bolsa.
Na mesma época, a Restaurants Brand International (RBI), acionista da companhia e detentora do direito das marcas, afirmou que a formação de um bloco de controle poderia disparar a rescisão dos contratos de uso de marca.
Desde então, a base acionária girou bastante e casas como Atmos e Indie, que se opuseram à oferta, já saíram da companhia. Mas a FitPart, family office de ex-sócios do Garantia, que era uma das principais opositoras, era até o começo da semana a maior acionista, com 12% do capital, seguida pela RBI, com 10%, e pela Mar Asset, com 5,7%.