Parque Sustentável da Gávea: projeto exemplifica preocupação de longa data com sustentabilidade (Mozak Engenharia/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 27 de fevereiro de 2023 às 14h29.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2023 às 14h48.
Sustentabilidade e luxo andam (cada vez mais) de mãos dadas. Da relação mais antiga entre esses dois mundos — de pagar caro por algo que vai durar — até o aspecto mais atual — de busca por exclusividade e preocupação com o meio ambiente — fato é que a relação entre esses dois mundos só se torna mais estreita. De olho em uni-los para quem procura um empreendimento para trabalhar ou para morar, a carioca Mozak Engenharia, focada no altíssimo padrão comemora seus 30 anos no mercado carioca passando 100% dos projetos em construção para a energia renovável. “Nosso objetivo é influenciar positivamente a vida das pessoas. Nesse caminho, a sustentabilidade não é uma exigência, mas um negócio natural, óbvio. É uma obrigação”, afirma Isaac José Elehep, presidente da Mozak Engenharia, ao EXAME IN.
É uma tarefa que se torna possível de forma pioneira, a partir de um contrato com a Genial Solar, empresa que atua no desenvolvimento, construção e operação de usinas solares de Geração Distribuída, que conta com um portfólio de projetos de 50 MW. “É como se a Mozak se unisse com outras empresas e a gente se juntasse para gerar nossa própria energia. E tudo isso com a gestão da Genial. Todo crédito que a gente tem, toda essa geração gera um crédito para abater na conta de luz. E o que pagamos para a empresa reflete a locação das placas”, diz Veronica Lima, gerente de inovação na Mozak Engenharia.
Para ficar ainda mais claro, a empresa de energia não instala nada na construtora. A usina em operação neste momento fica em Vassouras e a distribuição da energia gerada lá fica a cargo da Light. Com esse processo, a Mozak recebe duas faturas a cada mês: uma da empresa que leva a energia até o escritório e outra da empresa de geração. A transição para esse modelo permite à construtora replicar a proposta sustentável até mesmo em projetos que já estejam em etapas mais avançadas e oferecer energia limpa aos futuros moradores. A Genial Solar, por sua vez, estenderá a possibilidade de adesão de condomínios e unidades residenciais ao recebimento dos créditos de energia.
O projeto passou por uma fase ‘beta’ no ano passado — em que o escritório da Mozak aderiu — e, a partir de março, com a inauguração de uma segunda “fazenda”, todos os projetos da construtora começarão a operar com essa energia (são 20 em andamento). A economia na conta de luz, mesmo com pouco tempo de uso, é real: a conta do escritório já ficou 10% mais barata a partir do uso dessa fonte de geração.
Apesar desse passo mais recente em direção à sustentabilidade, a trajetória da Mozak de olho em uma realidade melhor já existe faz tempo. Focada no altíssimo padrão (Leblon, Ipanema, Lagoa, Gávea e Jardim Botânico), a empresa vai entregar ainda neste ano a primeira rua cultural artística do Rio de Janeiro, além de um empreendimento que vai ficar dentro do Parque Sustentável da Gávea.
Falando do primeiro projeto, surgiu a partir da obra de André Piva, arquiteto carioca que faleceu há cerca de três anos. Um de seus últimos projetos foi um empreendimento ‘encomendado’ pela Mozak, que deve ser entregue agora, em 2023. De olho em fazer uma homenagem ao profissional, veio a ideia de uma intervenção artística.
“Tentamos trocar o nome da rua, mas não conseguimos. Tentamos trocar o nome do empreendimento, o que seria uma burocracia enorme. Resolvemos, então, fazer a homenagem na calçada, por toda a extensão da rua que o edifício vai ocupar”, diz Elehep.
Ao todo, serão 10 intervenções artísticas, de dez artistas diferentes. A ideia é que a rua passe a contar também com restaurantes e outros pontos comerciais e que, futuramente, possa se tornar um ponto turístico no Rio de Janeiro.
Um caminho similar foi seguido no Parque Sustentável da Gávea. Será localizado em um terreno abandonado desde 1980 – que já teve diferentes promessas de empreendimentos comerciais ali e que não foram pra frente anteriormente. Agora, a Mozak vai construir um prédio que terá edifícios comerciais e apartamentos residenciais ao mesmo tempo por ali, ao mesmo tempo em que entregará um parque para a região, com uma alameda com todo o paisagismo feito por Burle Marx. “Do terreno inteiro, estamos usando 20% para o empreendimento”, diz o presidente da Mozak. “Vamos construir trilhas no parque, preservar a mata nativa e deixar as pessoas terem acesso a isso”.
São pontos que fazem a construtora ser uma ‘diferentona’ em relação ao que se está acostumado a ver no setor. Mas não são os únicos que a diferenciam em um ambiente cada vez mais competitivo. Um outro ponto que vale a pena ser notado é a forma como a empresa trabalha: em vez do tradicional de incorporação, obras por administração.
Para quem também não está familiarizado com o tema, a Mozak não faz financiamentos bancários para construir os edifícios que estão no pipeline. Na verdade, são os próprios donos dos apartamentos (ou lojas) que financiam a construção. Ou seja, a empresa tem zero financiamento bancário.
Funciona assim: a Mozak cria um projeto e apresenta aos clientes. Caso gostem, eles fecham contrato com a empresa, que compra o terreno e cuida de todos os detalhes relacionados à construção. Seria algo similar a construir uma casa, hoje: o consumidor compra o terreno e, depois, contrata uma empresa para erguer todas as estruturas.
Diante da clientela fiel e do modelo de negócio, a empresa não tem pressa para ir à bolsa. Só em 2022, foram R$ 300 milhões de VGV, cifra que deve subir para R$ 350 milhões em 2023.
“Acredito que conseguiremos crescer organicamente nos próximos dois a três anos, dentro da forma atual de atuação. Muito foco no cliente e na oferta de experiências para ele. Dentro do nosso nicho de mercado há muito serviço, muita experiência, muita dor que podemos resolver”, diz Elehep. A energia renovável, nesse contexto, é só o começo.