“Nosso posicionamento, desde o início, foi ir para o digital, encantar com nível de serviço. E nos apoiamos para o futuro com a mudança de hábitos, de mais gente alugando por mais tempo, utilizando o aluguel como parte da própria rotina", diz Renato (Movida/Divulgação)
Karina Souza
Publicado em 21 de fevereiro de 2022 às 20h10.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2022 às 20h25.
A Movida conseguiu, com aumento de sua margem operacional, ampliar o lucro líquido em mais de 250%: a última linha do balanço terminou 2021 com R$ 819,4 milhões no acumulado de 12 meses. O negócio cresceu e a receita líquida registrou expansão de 30,5% em relação a 2020, chegando a R$ 5,3 bilhões nesse período. Mais do que crescer, a companhia aumentou rentabilidade: a margem bruta foi de 44,8%, ante 24,7% em relação ao ano anterior. E a margem Ebitda foi de 76,3%, evolução de 21,9 pontos percentuais em relação a 2020.
Para este resultado, fez muita diferença o crescimento da divisão de aluguel de carros (RAC) ao longo do ano, somada ao crescimento recorde de Gestão de Frotas. Em relação à vertical de serviços para pessoas físicas, a receita líquida foi de R$ 1,7 bilhão, crescimento de 51,5% em relação a 2020. O aumento da demanda foi acompanhado pelo aumento das diárias médias, que atingiram valor recorde desde o IPO, R$ 95,00. O mix mais “premium”, priorizando SUVs em detrimento de veículos 1.0, com repasse aos consumidores a partir do segundo semestre, também colaborou para o resultado.
A gestão teve um papel essencial para que a empresa não perdesse margens, já que, mesmo com portfólio mais novo, a empresa reduziu os custos com depreciação em relação a 2020: o montante foi de R$ 208,7 milhões, 18,8% inferior ao registrado há dois anos.
“Nosso posicionamento, desde o início, foi ir para o digital, encantar com nível de serviço. E nos apoiamos para o futuro com a mudança de hábitos, de mais gente alugando por mais tempo, utilizando o aluguel como parte da própria rotina. Vamos manter essa estratégia em 2022, assim como a nossa parceria com as montadoras, para atender à demanda dos nossos clientes de forma cada vez mais completa”, afirma Renato Franklin, CEO da Movida, ao EXAME IN.
Nesse sentido, a Movida já implantou alternativas importantes de digitalização, como o web check-in, o aluguel via tablet nas lojas, além da possibilidade de comprar seminovos de forma totalmente on-line. Apostando em uma experiência omnichannel, a companhia também reformou as lojas físicas para garantir uma experiência “de primeira linha” a quem quisesse visitar esses locais antes de dar o “ok” final pela internet.
Pela primeira vez, o negócio de gestão de frotas (GTF) alcançou a marca de R$ 1 bilhão em receita líquida. O resultado, em 2021, foi influenciado em grande parte pela aquisição da CS Frotas, realizada no segundo semestre de 2021. Com a incorporação da nova empresa, a Movida passou a oferecer serviços ao setor público e a empresas de economia mista, além de agregar mais de 25 mil carros à operação. Para entender o que isso significa, os números apontam que esse valor corresponde à metade dos novos veículos desta vertical.
Para fortalecê-la ao longo do tempo, a ideia é fortalecer cada vez mais os serviços criados no último ano, como o Movida Zero Km (de aluguel de longa duração para pessoas físicas) e o Movida Cargo, que aluga carros para empresas de e-commerce realizarem entregas – e já tem clientes como o Magazine Luiza. Para os próximos três anos, a companhia tem receita futura contratada de R$ 1,8 bilhão dentro da vertical.
Durante o ano, a Movida contou com o bom desempenho das vendas de seminovos, que, impulsionados pela falta de veículos novos por parte das montadoras, tiveram aumento de preço de 35% ao longo do ano. Nos últimos doze meses, a divisão vendeu 44.799 carros (valor abaixo do registrado no ano anterior) com tíquete médio de R$ 58,6 mil. A receita da vertical foi de R$ 2,6 bilhões, aumento de 6,7%.
“Em 2022, vamos gradativamente ganhando volume, que é importante para a diluição das despesas. Em 2021, a margem foi muito boa, mas o que vemos é uma tendência de normalização. Para vencer isso, queremos reforçar nosso portfólio, já que temos capacidade instalada para vender mais carros. Somos muito pequenos dentro do mercado total, mas como não estamos concentrados em nenhum mercado e o nosso e-commerce vem crescendo bastante, estamos otimistas”, diz Renato.
O executivo não entrega a estratégia completa, mas aponta algumas direções para as novidades que podem ganhar força durante o ano. Do lado da oferta a pessoas físicas, estão carros elétricos – que devem representar de 20% a 30% do total da frota do país até 2030, segundo as projeções do executivo –, investimento em tecnologia nas lojas para acelerar o processo de aluguel, bem como o foco no serviço Movida Zero Quilômetro (serviço de carro por assinatura de longa duração). Em relação às empresas, reforço no Movida Cargo, serviço de aluguel de veículos voltado para entregas de e-commerce.
Os primeiros passos para estes planos já foram dados. Do lado de pessoas físicas, a Movida já contava com a maior frota de elétricos entre suas concorrentes, de olho na popularização desses veículos no país. O investimento em web check-in, tablets e compra de carros 100% online ajudou a companhia a se digitalizar na pandemia, além de gerar contratos de forma orgânica com o produto Zero Km. E o Movida Cargo já conta com clientes de grande porte no Brasil, como Magazine Luiza.
Sem prazo específico, ele afirma que a empresa pretende abrir 100 novas lojas no país, sendo 20 de seminovos e 80 de aluguel de veículos. “O valor das diárias deve continuar subindo, já que inflação vem no custo e no preço. E, ao mesmo tempo, cada vez mais os clientes querem um carro melhor e mais equipado. É nisso que vamos focar”, diz Renato.