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Mesmo com demanda mais fraca, M. Dias Branco tem lucro 33% maior e aumenta dividendos

Seguindo a melhora operacional, payout passa a ser de 80% do lucro líquido

M. Dias Branco: mais atratividade para as ações em tempos de selic elevada (M. Dias Branco/Reprodução)

M. Dias Branco: mais atratividade para as ações em tempos de selic elevada (M. Dias Branco/Reprodução)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 10 de novembro de 2023 às 20h33.

Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17h29.

A M. Dias Branco, dona da Adria e da Piraquê, anunciou mais um passo em sua estratégia de aumento de distribuição de dividendos. A companhia vai disponibilizar aos investidores 80% do lucro líquido (ante 60% antes e 40% em 2020), passando de R$ 0,05 para R$ 0,06 por ação. A quantidade de distribuições permanece inalterada em cinco vezes ao ano.

A mudança vem na esteira dos bons resultados da empresa e visa atender à demanda do mercado por um dividendo maior, trazendo mais atratividade aos papéis da companhia.

Tudo isso sem provocar uma mudança no planejamento estratégico da companhia, segundo Fábio Cefaly, diretor de relações com investidores da M. Dias Branco. O executivo enfatiza que a companhia seguirá o plano de crescimento orgânico e inorgânico.

No terceiro trimestre, o montante aplicado foi de R$ 106,3 milhões, 49% maior do que o do mesmo período do ano passado, distribuído em expansão e manutenção. 

“O payout maior considera o cenário interno e o externo. Fora da companhia, vemos ainda muita concorrência pela renda fixa, com o patamar atual da Selic. Junto a isso, há uma retomada muito incipiente do apetite do investidor estrangeiro. Do lado de dentro, a margem voltou para o patamar histórico, tivemos aumento na geração de caixa e queda na alavancagem”, diz o executivo. 

Para conciliar o aumento na distribuição dos lucros com uma trajetória de crescimento consistente, a companhia trouxe na política de remuneração de acionistas um dispositivo que aponta que, caso a alavancagem chegue ao patamar de 1,5 vez, o payout volta a ser de 60%.

Um patamar que considera o histórico de baixo endividamento da companhia: hoje, a relação entre dívida líquida e Ebitda é de 0,3 vez, com geração de caixa recorde no terceiro trimestre, de quase R$ 1 bilhão.

O resultado vem na esteira do lucro líquido 33% maior, para R$ 259 milhões, a ponta final do aumento de Ebitda do período. O indicador ficou em R$ 441 milhões, aumento de 32,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A companhia também mostrou aumento de margens no período. A Ebitda subiu para 16%, completando a trajetória de crescimento consistente desde o quarto trimestre de 2022. A margem bruta chegou a 35,6%, avanço de sete pontos percentuais na comparação com o mesmo período do ano passado. 

A melhora geral veio principalmente pela queda nos preços das principais matérias-primas, o óleo de palma e o trigo, somada ao controle afiado das despesas, que se mantiveram em 20% da receita líquida, seguindo a meta divulgada ao mercado. 

Esses fatores compensaram a queda de receita no período: a primeira linha do balanço ficou em R$ 2,7 bilhões, queda de 8,1% na comparação anual. 

Além da demanda mais fraca, com queda de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior, para 454 mil toneladas, o preço médio também teve uma leve queda.

A diferença entre aumento de preços em biscoitos e massas e redução nos preços de itens de valor agregado maior, como farinha de trigo, margarinas e gorduras, o resultado foi uma média de R$ 6,10 por quilo, queda de 2% em relação ao mesmo período do ano passado. 

“Não vimos nenhum problema na demanda de consumidores, mas o varejo comprou menos da indústria, a fim de diminuir o estoque e melhorar o capital de giro em tempos de Selic alta”, diz Cefaly. 

A companhia aponta uma queda de oito dias no prazo de estoque dos biscoitos no varejo, para 34 dias. Em massas, a queda foi de cinco dias, para 39. O executivo sinaliza que isso pode voltar a acontecer no quarto trimestre.

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