Exame IN

Mesmo com crise, BTG Pactual vê potencial para ampliar crédito em R$ 10 bi

Foco do banco são companhias de grande porte, nas quais o risco de inadimplência é menor mas demanda por liquidez ainda é alta

BTG Pactual: gestão de liquidez do primeiro trimestre oferece espaço para expansão da carteira de crédito (Leandro Fonseca/Exame)

BTG Pactual: gestão de liquidez do primeiro trimestre oferece espaço para expansão da carteira de crédito (Leandro Fonseca/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 12 de maio de 2020 às 15h00.

Última atualização em 12 de maio de 2020 às 22h07.

A pandemia é um desafio sem precedente para os bancos — mas oferece oportunidades. O banco BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME) vê espaço para crescimento no ambiente de elevada procura por dinheiro e com taxas de remuneração crescentes. O banco, que divulgou balanço trimestral nesta terça-feira, calcula ter condição para expandir sua carteira de crédito total entre 20% e 30% em 2020 — ou o equivalente a mais de 10 bilhões de reais. E se preparou para isso ao longo do primeiro trimestre.

O presidente da instituição, Roberto Sallouti, disse há pouco, em teleconferência com analistas, que o saldo total da carteira de crédito pode subir do patamar de 2 vezes o valor do patrimônio do banco para até 2,6 vezes — ou seja, até pouco além de 58 bilhões de reais.

Não se trata de uma obrigação ou uma meta, mas um potencial que o BTG vê no atual momento e que poderá aproveitar, conforme a necessidade das próprias companhias. “O mercado de capitais para dívida corporativa está praticamente fechado. As empresas estão mais dependentes dos bancos e estamos prontos para ajudar a prover essa liquidez”, explicou João Dantas, diretor financeiro e de relações com investidores da instituição. “Nosso objetivo é apoiar nossos clientes”, frisou Sallouti.

Mesmo ao tratar do potencial de expansão, o executivo destacou todo o tempo que a casa vai manter o conservadorismo nas decisões, que fez com que os índices de solidez financeira melhorassem no trimestre, a despeito da crise. O presidente do BTG acredita que o impacto da pandemia será longo e que a normalidade só será retomada quando houver vacina para o vírus.

A carteira de crédito do BTG terminou março em 47,7 bilhões de reais, um aumento de 9% na comparação com o quarto trimestre e de 55% frente ao primeiro trimestre de 2019. Salloutti destacou que a situação de liquidez da instituição foi fortalecida ao longo do trimestre, o que dá condições para uma possível expansão.

Na contramão das demais instituições, o Índice de Basiléia do BTG, indicador internacional que mede a solvência dos bancos, subiu de 14,9% em dezembro para 19,4% em março. Além disso, 80% do patrimônio líquido ao fim de março, de 22,4 bilhões de reais, era formado por recursos próprios, ou seja, caixa. “Estamos muito próximos no nosso nível histórico”, reforçou o executivo.

De acordo com João Dantas, o banco está semanalmente avaliando o risco de perdas da carteira, em função do atual cenário econômico, mas não encontrou razões para nenhum lançamento adicional nesse sentido. O BTG atua com grandes companhias, segmento no qual os riscos são menores. “Também atuamos com pequenas e médias empresas, mas essencialmente em antecipação de recebíveis por meio de nossa plataforma digital.” Essa carteira terminou março em 3,3 bilhões de reais, menos de 7% do total.

O BTG anunciou hoje pela manhã os resultados do primeiro trimestre deste ano, com expansão de 2,4% na receita, para 1,52 bilhão de reais, na comparação anual. O lucro líquido teve alta de 9,5% e fechou o acumulado dos três primeiros meses de 2020 em 789 milhões de reais, com retorno sobre patrimônio (ROAE) de 14,5%.

As linhas de receita que mais se destacaram no período foram a de crédito corporativo, que avançou 43,5%, para 267 milhões de reais, e de gestão de fortunas (wealth management), com alta de 30%, para um recorde de 170 milhões de reais no trimestre. Esses dois negócios foram cruciais para compensar o pequeno crescimento da área de sales and trading entre períodos iguais: a alta foi de apenas 4,3%, para 455 milhões de reais. Na comparação com os demais trimestres de 2019, a receita desse segmento — um dos carros-chefes da casa — teve quedas expressivas, em razão da volatilidade dos mercados.

As operações de gestão de recursos e de fortunas registraram captação líquida de recursos de 21,2 bilhões de reais, de janeiro até março, a despeito da crise.

Na comparação com o fim de fevereiro, o valor de mercado do BTG Pactual saiu de 71,5 bilhões de reais para 40 bilhões de reais, uma queda de 44%. Há pouco, as ações (units) operavam em alta de 3,45% na B3.

Acompanhe tudo sobre:BancosBTG PactualCrédito

Mais de Exame IN

Fim da guerra da cerveja? Pelas vendas de setembro, a estratégia da Petrópolis está mudando

“Equilíbrio fiscal não existe, mas estamos longe de uma crise”, diz Felipe Salto

Mais Porto, menos Seguro: Diversificação leva companhia a novo patamar na bolsa

Na Natura &Co, leilão garantido e uma semana decisiva para o futuro da Avon