(Leandro Fonseca/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 2 de agosto de 2024 às 16h48.
Última atualização em 2 de agosto de 2024 às 17h29.
Os números operacionais fortes do Mercado Livre já não são uma surpresa, mas ainda animam (e muito) os investidores.
Nesta sexta-feira, na esteira de mais um resultado recorde no segundo trimestre, o gigante argentino de e-commerce se tornou a empresa mais valiosa da América Latina, passando a Petrobras.
Negociada na Nasdaq, a ação avançava cerca de 10% na tarde desta-sexta-feira, chegando a uma market cap de US$ 90 bilhões. Um bom presente para a companhia que completa exatamente neste dia seus 25 anos de operação. A petroleira brasileira é avaliada em US$ 83,88 bilhões.
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A varejista online, batizada pelo Wall Street Journal de "Amazon latina" vem reportando crescimento forte de vendas e batendo recorde de lucro trimestre a trimestre. De abril a junho deste ano, repetiu a dose. Lucrou US$ 531 milhões, o dobro do que havia reportado um ano antes e 27% acima das expectativas de mercado.
"Embora não possamos dizer que o valuation é barato, a expansão consistente da lucratividade do Meli, o espaço para crescimento de crédito (principalmente por meio de cartões de crédito) e a perspectiva competitiva no comércio eletrônico da América Latina parecem promissores", escrevem Luiz Guanais e seu time no BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
Os números vieram puxados pelo avanço de 53% na receita do e-commerce, enquanto a fintech Mercado Pago cresceu 28%. No consolidado a receita cresceu 42%, para US$ 5,1 bilhões, com destaque para a operação brasileira, que representa metade de seu faturamento.
"Este resultado destaca mais uma vez o forte momento operacional da Meli e suas fortes perspectivas de longo prazo", escreveram os analistas do Itaú BBA, liderados por Thiago Macruz. O banco recomenda compra da ação, com preço-alvo de US$ 2.151,00 , um prêmio de 29% sobre o último fechamento e de 22% considerando o último valor de tela, de US$ 1.762,00.
A lógica é similiar para a equipe do BTG, que elegou o papel como seu preferido, com preço-alvo de US$ 2.040,00.
Irma Sgarz e Felipe Rached, do Goldman Sachs, destacaram a surpresa positiva com o GMV, indicador que mede as vendas brutas de mercadorias. O indicador aumentou 20% em relação ao ano anterior, chegando US$ 12,6 bilhões, sendo puxado especialmente pelo avanço de 36% no Brasil e de 30% no México, onde a companhia tem aumentado suas apostas.
"Embora reconheçamos que o desempenho forte do GMV no trimestre tenha sido um fator-chave para o resultado acima do esperado, acreditamos que o desempenho consistente do GMV pode ser mantido na segunda metade do ano, implicando uma alta nas estimativas de consenso para GMV, receitas e, potencialmente, também margens", preveem os analistas do Goldman, reforçando o coro de recomendações de compra, com preço-alvo de US$ 2.180,00.
Em entrevista ao INSIGHT, o diretor de relações com investidores, Richard Cathcart — que por anos acompanhou a empresa como analista sell side de varejo no Bradesco BBI —, chamou a atenção para "o crescimento em cima de crescimento no Brasil" e a manutenção de um ritmo intenso no México.
Além do forte crescimento no varejo, a empresa tem conseguido impor um ritmo intenso de avanço para o Mercado Pago, cuja receita líquida chegou aUS$ 2,1 bilhões no segundo trimestre. O TPV, indicador que mede o volume total de pagamentos, aumentou 35% na comparação ano a ano e chegou a US$ 46 bilhões, enquanto o número total de usuários ativos mensais superou a marca de 50 milhões pela primeira vez, chegando a 52 milhões de usuários ativos.
Grande parte desse crescimento é atribuída à maior oferta de crédito da companhia, que exigiu aumento no provisionamento e pressionou a margem Ebit. A carteira de cartões de crédito aumentou 146% no segundo trimestre, atingindo US$ 1,8 bilhão, crescimento impulsionado por 1,6 milhão de novos cartões emitidos no Brasil e no México.
Mas a companhia também tem registrado um novo canal de cresimento que está no radar dos investidores, o de retail media. A receita do Mercado Ads cresceu 51% na comparação anual e chegou a uma penetração de 2% sobe a receita total.
Embora ainda pequena, essa fatia deve intensificar o ritmo de crescimento com parcerias como a firmada com a Disney. A partir do terceiro trimestre, anúncios de clientes do Mercado Ads também vão aparecer na plataforma de streaming Disney+, o que Cathcart acredita ampliar o potencial de receita da área.
Exatamente um ano atrás, em 2 de agosto de 2023, o valor de mercado do Mercado Livre era de US$ 58,3 bilhões.