Israel Salmen, fundaor e presidente da Méliuz: "captei no momento certo, durmo tranquilo" (Méliuz/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 12 de maio de 2021 às 19h50.
Última atualização em 12 de maio de 2021 às 20h39.
A Méliuz, conhecida pelos serviços de cashback, aumenta a potência da sua “picareta na corrida do ouro na corrida do e-commerce”, como o cofundador Israel Salmen costuma descrever o negócio. A empresa anuncia nesta quarta-feira, 12, a aquisição da startup Promobit, dona de uma comunidade online de mais de 1 milhão de pessoas que compartilham descontos e recomendam produtos. A compra de 100% do capital social da companhia foi paga com um cheque de R$ 13 milhões, mas os vendedores poderão receber um adicional a depender do cumprimento de algumas metas operacionais — o chamado earnout. Com a aquisição, a Méliuz passa a competir com a Mosaico, dona das plataformas de comparação de preço Zoom, Buscapé e Bondfaro, que estreou na B3 em fevereiro.
Com as marcas Méliuz e Promobit sob o mesmo guarda-chuva, a companhia mineira aumenta seu poder diante dos clientes: as redes que vinculam promoções em seu sistema. Sozinha, ela tem cerca de 16 milhões de consumidores plugados na plataforma ou no aplicativo da companhia — a tal da picareta a que Salmen se refere. Com a Promobit, ela consegue um número maior de usuários sem ter que aumentar os custos de aquisição. “Adquirir usuários online está ficando cada vez mais caro, mas a gente gosta de pagar pouco. Para isso, precisamos estar presentes com bons produtos em jornadas de tráfego qualificado. O Promobit é um dos players que nos ajuda a estar presente em vários momentos do funil de compra”, diz o fundador e presidente da Méliuz.
Fundado em 2013 pelos sócios Fabio Carneiro, Leandro Menezes dos Anjos e Raphael Pawlik, o Promobit é um concorrente indireto do negócio de cashback da Méliuz. A empresa criou uma plataforma que recebe cerca de 10,4 milhões de acessos por mês para o compartilhamento de descontos. Por lá, os usuários divulgam as ofertas que encontram em grandes varejistas do e-commerce e discutem com outros membros da comunidade se o produto em questão vale a pena ou não. O detalhe é que nenhum usuário ganha nenhuma remuneração pelas indicações — é como uma versão mais robusta dos tradicionais fóruns da internet.
O papel da startup nessas interações é validar se os descontos são reais e evitar fraudes. Ela ganha dinheiro monetizando os links compartilhados na sua rede com as varejistas, que pagam comissões pelo aumento de tráfego gerado. O modelo é parecido com o da americana Slickdeals, comprada pelo Goldman Sachs em 2018, que tem mais de 60 milhões de acessos por mês. Em 2020, o Promobit obteve uma receita líquida de R$ 5,2 milhões e movimentou R$ 160 milhões, alta de 40% entre 2018 e 2020.
Para a Méliuz, a aquisição é uma oportunidade de entrar nesse mercado de social commerce e fazer a venda cruzadas de produtos entre as plataformas. Segundo Salmen, a sobreposição de usuários das duas empresas não é significativa. O bônus é que as próprias promoções que a Méliuz oferece de cashback agora poderão ser veiculadas pelos usuários na comunidade da Promobit — o que era proibido até então pela startup.
Essa é a terceira aquisição que a Méliuz anuncia desde seu IPO em novembro. Na semana passada, a companhia divulgou a compra da fintech Acesso e, antes disso, adquiriu o controle da plataforma de cupons Picodi.com, que reúne 12.000 lojas e atua em 44 países, por R$ 120 milhões. A expectativa é que novos negócios sejam anunciados nos próximos meses — segundo Salmen, a companhia está analisando cerca de 30 outras empresas em busca de bons empreendedores para desenvolver novos produtos de tecnologia.