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Renner bate consenso com melhora nas vendas

Lucro triplica, com evolução da margem bruta, mas custos do CD de Cabreúva ainda pressionam e só devem se diluir a partir do segundo semestre, diz CFO

Renner: receita de vestuário cresceu 9% no Brasil (Renner/Divulgação)

Renner: receita de vestuário cresceu 9% no Brasil (Renner/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 9 de maio de 2024 às 07h46.

Última atualização em 9 de maio de 2024 às 10h31.

As mudanças de portfólio, com foco no preço de entrada e ajustes na coleção, surtiram efeito na operação da Renner. As vendas do varejo cresceram 8% no primeiro trimestre do ano, e ajudaram a companhia a reportar uma melhora significativa no lucro líquido, com aumento de 198%, para R$ 139,2 milhões -- um valor cerca de 150% acima do consenso de mercado.

"O primeiro trimestre veio em linha com nossas expectativas o que é importante porque fizemos uma série de mudanças em relação a portfólio. Crescimento de vestuário no Brasil foi de mais de 9% e superou o PMC [índice da pesquisa mensal de comércio, do IBGE], um sinal de que estamos crescendo acima do mercado", afirma Daniel Martins dos Santos, CFO do grupo varejista, que além da Renner, é dono das marcas Youcom, Ashua e Camicado.

O executivo explica que o crescimento de vestuário veio integralmente de volume, refletindo esses ajustes de portfólio. Ainda assim, o grupo conseguiu reportar ganho de margem bruta, que era uma dúvida do mercado. O indicador para as operações de varejo avançou 0,4 ponto percentual, para 54,5%.  

"Tivemos também geração de caixa no período de um resultado operacional  positivo, com melhora de capital de giro", diz. O valor de estoque ficou 9% menor, aliviando a pressão. 

Com 20 lojas temporariamente fechadas no Rio Grande do Sul  -- cerca de 3% do parque total de lojas --, as enchentes históricas no Estado devem ter algum impacto nas vendas no segundo trimestre, mais ainda não é possível dimensioná-lo.

Santos destaca que a companhia está mais preparada este ano para responder às mudanças de temperatura. No ano passado, os dias mais quentes do que o esperado no outono e no inverno afetaram o giro da coleção e fizeram a companhia a adotar uma postura mais promocional.

A expectativa, agora, é pela plena funcionalidade do CD de Cabreúva, no interior de São Paulo. Hoje, todo o portfólio já está sendo recebido lá, mas ainda há um processo de estabilização da operação, o que pressiona a linha de custos. Automatizado e com o objetivo de atender mais assertivamente a demanda por cada item e loja, o CD deve ser central no ganho de eficiência de abastecimento.

"Lead time de abastecimento das lojas ainda está maior, o que não ajuda a Renner a atingir o potencial de vendas em lojas. Mas, a partir do segundo semestre, ele passará a ser impulsionador de vendas e reduzir custos, com uma operação mais assertiva", diz Santos.

Além da operação de vestuário, o grupo viu melhorias em seus outros dois grandes negócios, a Camicado e a Realize. A Camicado, sua rede varejo para itens de casa e decoração, reportou aumento de 6% nas vendas, para R$ 125 milhões. Depois de fechamento de lojas deficitárias, houve aumento de 16,6% na venda por m², com vendas em mesmas lojas evoluindo 15,2% e redução de estoques em 25%.

Já o braço financeiro, Realize, continuou com melhora sequencial, ancorada por queda de 23,7% nas perdas líquidas, atingindo resultado ajustado de R$ 35,4 milhões. "O trabalho de 2023 trouxe resultado e vemos a Realize pronta para contribuir para o crescimento do varejo em 2024, principalmente nas praças mais populares". 

 

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