Companhia terminou trimestre com caixa de US$ 12 bilhões, mas buscou reforço para pandemia (Pilar Olivares/Reuters)
Graziella Valenti
Publicado em 6 de julho de 2020 às 15h32.
Última atualização em 6 de julho de 2020 às 16h55.
A Vale foi ao mercado externo para buscar 1 bilhão de dólares em um papel com vencimento em dez anos e uma estimativa inicial de taxa de 4,375% ao ano. Logo no começo da tarde, a operação já tinha quatro vezes a demanda e ainda aumentou. Resultado? A mineradora, cuja receita é totalmente atrelada ao dólar, saiu da oferta com 1,5 bilhão de dólares debaixo do braço a um custo de 3,85% ao ano e a indicação que os investidores lá fora estão dispostos a comprar dívida de companhias brasileiras pelas atuais taxas. Ao câmbio do dia, trata-se de nada menos do que 8 bilhões de reais.
No mundo pós-covid-19, foi a terceira emissão externa relevante. Na semana passada, a Rumo captou 500 milhões de dólares em ‘’green bonds’, com uma demanda de cinco vezes a oferta. No fim de maio, a Petrobras havia reinaugurado as emissões internacionais quando levantou 3,25 bilhões de dólares.
Os coordenadores da emissão da Vale foram BB Securities, Citigroup, Credit Agricole, Mizuho, MUFG e SMBC Nikko. Para captações de montantes elevados, o mercado internacional continua oferecendo mais “profundidade”, como dizem os especialistas, embora o mercado doméstico também tenha dado indicações de melhoria.
Mesmo sem pressão de vencimentos de curto prazo, a Vale foi em busca de flexibilidade para enfrentar o cenário da pandemia. De acordo com os documentos da companhia, a empresa fechou março com quase 12 bilhões de dólares em caixa e equivalentes e sua geração operacional de recursos somou 1,68 bilhão de dólares, no primeiro trimestre.