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Magalu volta ao lucro no 4° tri e registra maior margem Ebitda em 3 anos

Esforço para deixar operação mais rentável surtiu efeito e última linha do balanço somou R$ 101,5 milhões, superando as estimativas do mercado, de apenas R$ 30 milhões

Magazine Luiza: margem bruta cresceu com avanço de serviços no marketplace, com destaque para a penetração de fulfillment entre os sellers
Foto: Leandro Fonseca
 (Leandro Fonseca/Exame)

Magazine Luiza: margem bruta cresceu com avanço de serviços no marketplace, com destaque para a penetração de fulfillment entre os sellers Foto: Leandro Fonseca (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 18 de março de 2024 às 20h34.

Última atualização em 19 de março de 2024 às 07h04.

Depois de trimestres no vermelho, o esforço do Magazine Luiza para deixar a operação mais rentável surtiu efeito. O lucro líquido recorrente somou R$ 101,5 milhões e a margem Ebitda chegou a 7,2% no quarto trimestre, 1,5 ponto percentual maior do que no mesmo período de 2022 e a maior dos últimos três anos. O consenso de mercado era bem mais baixo: lucro de R$ 30 milhões e margem Ebitda de 6,5%.

Considerando o resultado contábil, o lucro do Magalu no quarto trimestre foi de R$ 212 milhões, o que inclui os ganhos com a venda da Luizaseg para o BNP Paribas e impostos diferidos de Netshoes.

“O grande destaque desse trimestre é a rentabilidade, mesmo com um cenário de juros altos e um desafio muito grande do Difal, cujos repasses foram concluídos no terceiro trimestre”, diz Vanessa Rossini, diretora de relações com investidores.

A margem bruta também se destaca, com aumento de 2,5 pontos percentuais, para 30,3%, puxada pelo avanço de 26% nos serviços no marketplace e pelo desempenho na Black Friday, cuja edição foi a mais rentável da história da varejista.

A meta, reforça Rossini, é crescer com saúde. Por isso, no quarto trimestre, enquanto os indicadores de rentabilidade avançaram, a receita líquida recuou 5,5% menor, para R$ 10,55 bilhões. Em 2024, a trajetória também passa por crescimento com lucro e os primeiros números estão caminhando nesse sentido, mas também fortalecidos por um ambiente macroeconômico um pouco melhor.

Enquanto as vendas diretas no e-commerce ficaram estáveis, dois canais se destacaram em todo o grupo: marketplace (3P) e lojas físicas. As vendas brutas das lojas cresceram 4% mesmo na comparação com um quarto trimestre de 2022, quando muitos brasileiros correram atrás de novos televisores para assistir à Copa do Mundo. Houve um ganho de mercado de 1,2 ponto percentual no trimestre.

Já o 3P cresceu 10% em vendas e viu a base saltar para 340 mil sellers, 80 mil mais vendedores do que um ano antes. O desempenho reforça a aposta da empresa no canal, que já representa 40% das vendas online do Magazine Luiza. Nos últimos quatro anos, o marketplace apresentou um crescimento médio anual de 45%.

“Tem muito espaço para a base de sellers continuar crescendo, mas mais do que isso vamos continuar trabalhando nossa base para oferecer a melhor oferta de um produto buscado”, diz Rossini. Hoje, o portfólio online do Magazine Luiza tem 128 milhões de ofertas disponíveis.

Esse crescimento é importante para outras apostas da empresa, como o avanço da penetração de fullfilment (serviço completo desde a plataforma de venda até a entrega na casa do cliente) na base, o que melhora a receita de serviços e dilui custos de operação do Magazine Luiza. O fulfillment que no começo de 2023 correspondia a 2% do marketplace, hoje já é 15%. Os negócios de Ads, de produtos patrocinados e que atende a sellers e fornecedores, cresceram 70%.

A fintech do Magalu atingiu R$27 bilhões em volume total de pagamentos, um crescimento de 6%. Um dos destaques foi o crescimento de 17% no volume de pagamentos para sellers e nas contas digitais MagaluPay. Em cartão de crédito, o faturamento atingiu mais de R$15 bilhões no trimestre. São 7 milhões cartões de crédito emitidos e R$20 bilhões em carteira de crédito. “As safras melhoraram e a Luizacred voltou ao lucro.”

A queda de despesas financeiras na ordem de 20% foi uma alavanca importante para o Ebitda da empresa, que somou R$ 756 milhões, com ajustes. O capital de giro foi R$ 560 milhões melhor, grande parte por redução de estoques. A despesa financeira terminou o ano representando algo em torno de 4% a receita líquida, e a expectativa para 2024 é que passe a ser entre 3% a 3,5% da receita líquida, aponta Rossini.

A geração de caixa operacional foi de R$1,5 bilhão no trimestre. O Magalu encerrou o ano com uma posição de caixa total de mais R$ 9 bilhões, aumentando em R$1 bilhão em relação ao fechamento de o terceiro trimestre.

Com isso, o caixa líquido total do Magalu ao término do ano alcançou R$1,7 bilhão. A liquidez foi reforçada em janeiro deste de 2024 pelo aumento de capital de R$ 1,25 bilhões, em que a família Trajano colocou até R$850 milhões, demonstrando confiança no seu negócio — minoritários entraram, trazendo o aporte para R$ 1,1 bilhão, mas o valor deve subir com a subscrição das sobras até o fim desta semana.

Além do reforço de caixa importante para lidar com a pressão da dívida — neste ano, os vencimentos somam R$ 3 bilhões, dos quais R$ 800 milhões já foram quitados —, os recursos vão impulsionar os investimentos em tecnologia da empresa. A projeção do mercado é de que o capex do Magazine Luiza cresça cerca de 30% este ano, para um patamar de R$ 800 milhões. “Vamos acelerar investimentos no marketplace, em Ads e Luizacred neste ano, mas seguir com a visão de que aumentar caixa líquido ao longo desse ano é muito importante.”

Na expectativa pelo balanço da varejista, as ações do Magalu saltaram 7,14%, negociadas a R$ 2,10. Em 12 meses, as ações caem 39,5%

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