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Magalu compra startups; Arezzo e Renner miram gigantes: por quê?

O que está por trás das movimentações mais recentes da gigante do varejo online e das companhias de moda

Arezzo, na Oscar Freire: proposta de R$ 3,4 bilhões pela Hering, depois de avaliar Dafiti em 2020 (Germano Lüders/Exame)

Arezzo, na Oscar Freire: proposta de R$ 3,4 bilhões pela Hering, depois de avaliar Dafiti em 2020 (Germano Lüders/Exame)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 16 de abril de 2021 às 18h30.

Última atualização em 28 de abril de 2021 às 07h05.

A semana foi dominada por notícias de aquisições e negociações no mercado brasileiro de varejo. Tem sido assim nos últimos meses, marcados por uma digitalização histórica do consumo e por uma corrida à bolsa de milhões de brasileiros. As oportunidades se escancararam — mas a diferença de estratégia tem chamado atenção de observadores mais atentos.

De quarta até sexta-feira quem dominou as manchetes foram as empresas de moda. Na quarta-feira à noite a Hering anunciou que havia recusado uma oferta da calçadista Arezzo para uma aquisição que avaliava seus negócios em cerca de R$ 3,5 bilhões.

Nesta sexta-feira, os protagonistas foram outros. O site Brazil Journal revelou que a Renner estuda uma oferta de até R$ 4,5 bilhões com o objetivo de adquirir a varejista Marisa ou a operação local da C&A. Há quem diga que o alvo pode ser a Dafiti, mas não foi essa a aposta dos investidores da bolsa. A Renner confirmou que estava se movimentando, sem dar detalhes. Também nesta sexta foi revelado que o grupo Soma, dono da Farm, está negociando com outra marca de moda, a Shoulder.

Todas as notícias turbinaram os valores de mercado das companhias, com as perspectivas de novas frentes de crescimento. A avaliação é que o mercado de moda ficou por tempo demais restrito à sua zona de conforto e deixou passar oportunidades relevantes de consolidação e melhoria de eficiência. Agora, as companhias correm atrás do tempo perdido. Era aguardada uma concentração setorial pós-pandemia — parte porque algumas ficariam pelo caminho e parte porque surgiriam oportunidades de aquisições.

O problema, apontado por especialistas em varejo ouvidos pelo EXAME IN: unir forças com outros varejistas de moda tradicionais pode fazer sentido e de fato trazer ganhos para o negócio, mas o futuro está na integração de canais, na produção de conteúdo próprio, numa logística mais ágil, numa relação mais intensa com os consumidores. E essas movimentações recentes não necessariamente aproximam os grupos de moda dessa direção.

Quem já entendeu o jogo e está se movimentando rapidamente é o Magazine Luiza. A varejista anunciou na média uma aquisição por mês de 2020 para cá e tem priorizado startups que acelerem sua digitalização e a produção de conteúdo próprio. O exemplo mais recente foi a compra da Jovem Nerd, uma empresa de conteúdo focada em cultura pop que já tem mais de 5,5 milhões de inscritos em seu canal no Youtube. O objetivo é aumentar a conexão com seus consumidores.

Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, afirmou recentemente à EXAME que a referência da empresa é o varejista chinês Alibaba, que tem um superaplicativo onde o cliente pode "resolver a vida" — encontra informação, entretenimento e comprar de refeições a carros.

O mercado de moda tem suas peculiaridades, é claro. O valor da marca, a relação dos consumidores com as novas coleções e a importância dos "artistas" é determinante. Mas também é tão dependente de digitalização e de conteúdo próprio quanto o segmento em que atua o Magazine Luiza, dizem especialistas.

Um exemplo é o recente IPO da Enjoei, uma plataforma de moda que começou como um blog e que hoje vale mais de R$ 2 bilhões na bolsa, perto da avaliação de gigantes tradicionais como a Hering, por exemplo. Outro exemplo foi uma aproximação da Arezzo feita em 2020 da varejista online Dafiti, segundo apurou o EXAME IN. A combinação aceleraria em anos a digitalização da fabricante de calçados.

O problema, segundo fontes próximas às empresas, foi o preço. A Arezzo vale R$8 bilhões  na bolsa. A meta da empresa, com 40 anos de história, é faturar mais de R$ 3 bilhões em 2021. A Dafiti, criada em 2011, faturou cerca de R$ 3,5 bilhões em 2020 e pode valer até 15 bilhões, segundo avaliação de mercado de varejistas online que foram à bolsa recentemente. O digital, definitivamente, é rei.

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