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Magalu: a startup de R$ 155 bi que não depende mais das janelas da bolsa

Dez anos após IPO, em sua quarta oferta de ações, companhia mostra que alcançou maturidade na relação com o mercado

Centro de distribuição do Magazine Luiza: de 80 para 450 sites de logística em três anos (Germano Lüders/Exame)

Centro de distribuição do Magazine Luiza: de 80 para 450 sites de logística em três anos (Germano Lüders/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 15 de julho de 2021 às 15h56.

Última atualização em 15 de julho de 2021 às 15h58.

Dez anos após chegar à B3, o Magazine Luiza continua sendo um negócio em franca expansão. Disso, ninguém tem dúvida. Mas é também uma companhia madura, tanto em porte quanto na relação com o mercado de capitais. É o que nos diz a oferta de ações anunciada na manhã desta quinta-feira, dia 15. Avaliada em mais de R$ 155 bilhões na B3, a empresa consegue com pequenas diluições captar recursos que são do tamanho de sua necessidade.

Os números do primeiro trimestre mostram também, ao mesmo tempo, maturidade e crescimento em ritmo de startup. As vendas totais aumentaram 63%, para R$ 12,5 bilhões, realizadas dentro de uma base de 31 milhões de usuários ativos.

Ao preço de ontem, a capitalização pretendida equivale a R$ 3,5 bilhões, uma expansão da base acionária de apenas 2,3% — no máximo de 3,1%, se for vendido o lote adicional e a operação alcançar R$ 4,6 bilhões. Esse é o percentual da diluição que o investidor atual da empresa sofrerá se não acompanhar a emissão de novas ações.

O negócio gerido por Frederico Trajano, que inspira sua estratégia diretamente nos modelos chineses de super apps, não precisa mais ir à bolsa pensando em janelas, levantar uma montanha de dinheiro e usar aos poucos.

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Inclusive porque, por também estar em expansão e ter uma forte frente tecnológica, segue em trajetória de valorização. Dessa forma, captar conforme o uso é interessante para evitar diluições desnecessárias e ineficiências de capital — num momento em que o caixa aplicado nada rende. É uma estratégia semelhante a que vem adotando o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), que já movimentou mais de R$ 10 bilhões em vendas de ações em quatro colocações na bolsa de 2019 até agora.

A última vez que o Magalu acessou o mercado foi em novembro de 2019, numa oferta mista, primária e secundária, de quase R$ 5 bilhões. Era a terceira operação desde que listou ações na B3. O porte da empresa também torna de simples absorção movimentos de aquisições como a da KaBum!, anunciada hoje, que pode movimentar até R$ 3,5 bilhões, sendo que R$ 1 bilhão foi em dinheiro e o restante em participação acionária. A compra é a maior já feita pela empresa, que já investiu ou adquiriu duas dezenas de startups, e mesmo assim a emissão de ações para os fundadores da novata não chegará a 2%.

Se ainda não ficou claro o suficiente, vale entender o que cabe, de vida real, em projeto de expansão, na microdiluição da companhia  e que está puxando a forte alta das ações: um tremendo salto em logística.

Com a entrada no Rio de Janeiro, a companhia vai triplicar sua capacidade logística até 2023, dos atuais 800 mil metros quadrados em hubs e centro de distribuição (CDs) para cerca de 2,5 milhões de metros quadrados. O número de lojas vai subir das atuais 1.200 para quase 1.700 nesse intervalo — o que não deixa de ser capilaridade, dentro do conceito de omnicanalidade. Mas junto com isso, o total de hubs e CDs vai passar dos atuais, nesse período, de 81 para 450. Só até o fim de 2021, o crescimento já será significativo. Em dezembro, serão 225 sites logísticos para mais de 1.400 lojas.

Quanto mais cresce fora da Bolsa, maior Magalu fica na B3. A companhia já está hoje entre as cinco maiores do mercado brasileiro, excluídas as instituições financeiras. No Índice Bovespa, a cada nova oferta de ações, mais relevância conquista. Atualmente, equivale a 2,6% da carteira teórica do indicador.

 

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