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MagAli: acordo de Magalu e AliExpress une 60 milhões de clientes e faz ação subir 12%

Em acordo inusitado, varejista brasileira e plataforma chinesa firmam parceria para vendas em seus e-commerces

Magalu: audiência do AliExpres é aposta para consolidar liderança nas vendas 1P do ecommerce brasileiro, diz Trajano (Leandro Fonseca/Exame)

Magalu: audiência do AliExpres é aposta para consolidar liderança nas vendas 1P do ecommerce brasileiro, diz Trajano (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 24 de junho de 2024 às 11h16.

Última atualização em 24 de junho de 2024 às 11h25.

Se não dá para ganhar deles, junte-se a eles. Essa foi a máxima adotada pelo Magazine Luiza, que acaba de anunciar uma parceria pouco provável: está unindo forças com o AliExpress.

As duas varejistas fecharam um acordo para vender seus produtos no marketplace uma da outra. No site do Magalu, o AliExpress vai vender seus produtos da linha Choice, itens cauda longa (produtos de consumo constante em categorias como beleza, acessórios de computador e telefonia, etc) e de venda direta do AliExpress que têm maior custo-benefício. Os produtos serão importados por meio da certificação do Magalu para o programa Remessa Conforme.

O Magalu, por sua vez, oferecerá produtos do seu estoque próprio, como linha branca e eletrônicos, no site do AliExpress Brasil.

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As duas plataformas têm juntas no Brasil mais de 700 milhões de visitas por mês e 60 milhões de clientes ativos.

Para a plataforma de origem chinesa, a parceria  deve ampliar o valor de venda bruta de mercadorias (GMV). Para a brasileira, a chance é de aumentar a frequência de compra no seu marketplace com mais produtos de compra recorrente e tíquete médio mais baixo do que sua média -- embora tenha itens de tecnologia, a linha Choices da AliExpress não concorre, por exemplo, com os produtos da Kabum, especializada no segmento.

"A chance de conversão nos dois canais é muito alta. Aumenta bastante a frequência de compra no nosso site e o aumento de GMV no AliExpress ajuda a monetizar a audiência deles. Somando à audiência do AliExpress, também é uma forma de nos consolidar nossa liderança no 1P, que já somos, de longe, o maior no país", diz Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza.

"A parceria reforça nossa crença no comércio local. Estamos confortáveis em ter os produtos do Magazine Luiza no AliExpress e é muito complementar para o nosso cliente", completa Briza Rocha Bueno, diretora de desenvolvimento de negócios do AliExpress para o Brasil e a América Latina.

Negociada desde o fim do ano passado, a parceria acelerou e ganhou força para sair do papel depois da votação da alíquota de 20% para produtos importados. Aprovado no Congresso, o texto ainda espera sanção presidencial, mas há pouca visibilidade de veto, após muita disputa sobre o tema.

Representado especialmente pelo Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), o varejo nacional foi o principal opositor da isenção federal para importações até US$ 50, incluindo entre as vozes de destaque a família Trajano, fundadora e controladora do Magazine Luiza.

"Após a nova situação vinda pelo valor da taxação aprovado no Congresso, ficamos confortáveis em acelerar o deal. Nunca critiquei as plataformas asiáticas sempre admirei eles. Acho as plataformas e o cross-boarder inexorável, acontece no mundo todo. O importante era ter isonomia e isso aconteceu", diz Trajano.

Prevista para valer a partir do terceiro trimestre, a parceria não exclui a cobrança de take rate (percentual sobre o valor da venda) para cada venda, como funciona para os sellers nas plataformas de marketplace. No entanto, embora não abram os valores, as duas companhias negociaram condições especiais para a parceria. 

"A beleza da parceria está nisso, no ganha-ganha. Ela é tão complementar que conseguimos resolver a equação financeira", diz Trajano. 

Cada um fará as entregas de suas vendas por meio de seus sistemas logísticos, mas as duas companhias consideram estender a parceria para a distribuição logística. Atualmente, a maior parte das entregas do AliExpress no país são feitas por meio dos Correios.

O anúncio animou o mercado. Às 11h, as ações do Magazine Luiza subiam 12%, para R$ 12,13.  No ano, o papel da varejista acumula queda de 43,99%.

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