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Madero: mesmo com dívida e pandemia, receita recorde de R$ 1,15 bi em 21

Grupo fundado por Renato Durski esquenta a competição e está perto de voltar a ter as melhores margens do setor

Grupo Madero: 80 novas lojas abertas desde o fim de 2019, com destaque para a bandeira Jerônimo (Madero/Divulgação)

Grupo Madero: 80 novas lojas abertas desde o fim de 2019, com destaque para a bandeira Jerônimo (Madero/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 7 de fevereiro de 2022 às 14h42.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2022 às 15h21.

Está cada dia mais claro que a briga dos hamburgueres no Brasil tem no Grupo Madero um competidor de peso para grandes nomes internacionais como McDonald’s e Burguer King. Nem a pandemia, nem os desafios financeiros fizeram o grupo frear sua expansão. A rede inaugurou 35 novas unidades em 2021 — um total 80 novas desde 2019 —, o que fez a receita líquida alcançar um resultado recorde no quarto trimestre: R$ 367,2 milhões, com expansão de 36,5% sobre 2020.

Desde o terceiro trimestre, a empresa praticamente normalizou a atividade em relação ao nível pré-pandemia (está cerca de 5% abaixo do padrão), mas agora são 258 pontos em atividade, um aumento de 45% em dois anos. No acumulado anual, a receita somou R$ 1,15 bilhão, também um recorde, com 44% de crescimento sobre 2020.

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Tanto as vendas quanto as margens foram melhorando ao longo do ano, conforme a retomada da circulação social da população. “Os últimos dois anos foram certamente os mais desafiadores na história do Grupo Madero”, escreveu Luiz Renato Durski Júnior, fundador e presidente da companhia, no comentário sobre o desempenho.

O que chama mais atenção na rede é justamente sua rentabilidade operacional. O Ebitda do quarto trimestre foi de R$ 75 milhões, com margem de 21,2%. O negócio está perto de alcançar os 25% que mostrava pré-pandemia, o que a coloca disparada como a melhor margem entre as concorrentes — que variam entre 11% e 16%, na média.

Em número de restaurantes, o grupo Madero tem pouco mais de 25% do tamanho das redes de fast food McDonald’s e Burguer King (ao redor de 1.000 unidades cada). Mas mesmo com unidades novas ainda em fase de maturação (onde a receita não atingiu seu ponto alto), a proporção do faturamento da rede é maior do que a de lojas em relação às grandes marcas estrangeiras  — 30% do McDonald’s e bem mais do que isso frente ao Burguer King. Trocando em miúdos, signica que o Madero faz mais faturamento por loja, além de mais margem.

O plano da companhia, que conseguiu registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em novembro do ano passado, é fazer uma oferta pública inicial (IPO) na B3. Mas para isso, além de aguardar a melhora do humor dos investidores, precisa antes solucionar seu endividamento, que continua sendo o calo que aperta o balanço e faz a empresa ainda registrar prejuízo.

A última linha do balanço fechou 2021 no vermelho, com perda de R$ 121,4 milhões, o que é menos da metade da perda de 2020, o pior ano da pandemia. Desse acumulado, porém, só R$ 6,2 milhões vieram do quarto trimestre.

Enquanto espera o IPO, o grupo não está parado na frente financeira. Nem poderia, porque o ano reserva R$ 737 milhões em vencimentos — uma concentração de mais de 70% dos compromissos. No fim do ano passado, a empresa recebeu um aporte de R$ 300 milhões da gestora de recursos Carlyle.

Agora, está em curso uma emissão de recebíveis agrícolas (CRAs) no valor de R$ 500 milhões, em duas séries, com prazos de seis e cinco anos. A entrada de recursos do Carlyle já fez a dívida líquida cair R$ 981 milhões para R$ 764 milhões e a emissão de dívidas, lastreada em debêntures, vai alongar os vencimentos e dar às dívidas um novo prazo médio de 3,9 anos. É esperado ainda que, com esse fôlego, a companhia consiga melhorar as condições dos passivos anteriores, por meio de uma renegociação.

Mesmo com as contas apertadas, o grupo investiu mais de R$ 330 milhões no ano passado, mas não só na abertura de lojas. Também houve recursos para digitalização e centralização de sistemas e ainda para melhoria logística.

O sistema delivery que antes da pandemia estava presente apenas em algumas unidades, se estendeu por toda a rede. O grupo criou também um aplicativo próprio, que acaba de lançar, para reunir as marcas Madero, Jerônimo e a Dundee, com objetivo de unificar todo sistema de relacionamento com o cliente. Futuramente, o aplicativo contará com um programa próprio de fidelidade.

As vendas delivery que chegaram a responder por 55% do total em março de 2021, ficaram em 17% no terceiro trimestre – “patamar próximo ao que acreditamos que este canal deva se estabilizar no longo prazo”, afirmou Durski Junior.

Quando chegar a hora do IPO, o Madero deve dar grande ênfase ao seu modelo integrado de produção e também à postura frente os fatores mais cools do momento: sociais, ambientais e de governança, conhecido pela sigla ESG. Com dinheiro no bolso, a chapa na competição dos hamburguers vai esquentar.

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