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M. Dias Branco tem receita recorde no 3º tri, mas aumento no preço de commodities pesa sobre lucro

Dona da Piraquê e da Adria teve última linha do balanço estável em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 195 milhões

M. Dias Branco: disciplina segue, com visão de crescimento para produtos saudáveis, ainda sub-representados no mercado brasileiro (M. Dias Branco/Divulgação)

M. Dias Branco: disciplina segue, com visão de crescimento para produtos saudáveis, ainda sub-representados no mercado brasileiro (M. Dias Branco/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 14 de novembro de 2022 às 07h00.

As dúvidas do mercado a respeito da capacidade de a M. Dias Branco fazer mais um aumento de preços e continuar crescendo o volume de vendas foram sanadas. No terceiro trimestre deste ano, a empresa conseguiu responder ao desafio nas duas pontas. O resultado foi uma receita recorde para o período, de R$ 2,9 bilhões, aumento de 36,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os ganhos, entretanto, não foram replicados no mesmo patamar ao longo do balanço. Com o efeito do aumento de preço das commodities sendo refletido agora, somado ao aumento da despesa financeira, a companhia manteve o lucro líquido conquistado nos mesmos três meses de 2021, de R$ 195 milhões. 

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Começando pela primeira linha do balanço, os ganhos em receita vieram principalmente do reajuste de preços praticado a partir de agosto (em torno de 7% em biscoitos e massas), bem como do efeito de lançamento de produtos com preço superior à média histórica da companhia — um trabalho bastante influenciado pelas aquisições da Latinex e da Jasmine. É possível ver o efeito que o mix mais diversificado traz para a companhia e por que as compras das empresas se provaram acertadas, mesmo em pouco tempo. Enquanto o preço médio de massas é de R$ 6,1 por quilo e o de biscoitos não fica muito longe (R$ 10,2), os produtos comercializados pela Jasmine têm um preço de R$ 19,8 por quilo e, os da Latinex, de R$ 24,8. Mais do que ter o preço mais alto, a categoria que inclui as empresas adquiridas apresenta o maior aumento em volume na comparação com o mesmo período de 2021, com uma expansão de 40%, enquanto biscoitos e massas cresceram 6,7% e 3,1%, respectivamente.

“São produtos que devem começar a mexer o ponteiro da empresa de forma efetiva daqui três a quatro anos, de acordo com as nossas projeções. Mesmo assim, o efeito que têm no blanço está longe de ser irrisório. Essas categorias somaram um faturamento de R$ 91 milhões no trimestre e, no ano, de R$ 400 milhões. Lembrando que os resultados da Jasmine foram incorporados somente em setembro, então, estamos bastante otimistas”, diz Fábio Cefaly, diretor executivo de relações com investidores da M. Dias Branco, ao EXAME IN.

Da perspectiva de eficiência operacional, os resultados positivos foram ofuscados pelo aumento de preço do trigo e do óleo de palma. O efeito começou a aparecer no balanço da M. Dias Branco nesse trimestre, mesmo com o pico de preços das commodities tendo acontecido há alguns meses, em junho e em março deste ano, respectivamente. A razão para isso está no longo estoque comprado pela empresa, com duração aproximada de três meses. Para contornar o efeito negativo, a empresa manteve a disciplina de gastos com despesas operacionais e administrativas, que mantiveram o patamar de 18% da receita, um ‘novo normal’ para a empresa desde a pandemia e que reflete uma redução significativa em relação ao período anterior, quando esse percentual era de mais de 25%. 

Como resultado desse trabalho, o Ebitda cresceu na comparação anual: o aumento foi de 16%, totalizando R$ 333,1 milhões. A margem, por sua vez, teve queda, influenciada por esse combo de efeitos, passando de 13,1% no terceiro trimestre de 2021 para 11,2%.

De olho no que o futuro reserva para a companhia, é possível ver queda gradual dos valores das commodities praticados ao longo do terceiro trimestre, um efeito positivo que deve aparecer no balanço dos últimos três meses do ano. É esse o período, também, em que a aquisição da empresa Las Acacias, a primeira compra da companhia fora do Brasil, deve aparecer nos números da M. Dias Branco. Na conversa atual, Cefaly voltou a reforçar que a nova companhia não deve exercer um peso tão significativo nos ganhos quanto a Latinex e Jasmine, mas apresenta o passo inicial da estratégia de internacionalização da companhia. 

Passando dos aspectos operacionais para os financeiros, a despesa da companhia aumentou significativamente no período, passando de R$ 2,6 milhões para R$ 69,5 milhões. O aumento, de acordo com a empresa, é reflexo de maiores custos de contratação das operações de hedge para a dívida em dólar e do aumento de juros no período.

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