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Lucro da Vamos cai 25% no segundo trimestre, para R$ 106,6 milhões

Queda está relacionada principalmente ao deslocamento de receita gerado pela divisão de concessionárias

Vamos: lucro cai 25%, mas Ebitda avança quase 50%  (Grupo Vamos/Divulgação)

Vamos: lucro cai 25%, mas Ebitda avança quase 50% (Grupo Vamos/Divulgação)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 4 de agosto de 2023 às 10h37.

Última atualização em 4 de agosto de 2023 às 10h42.

Vamos teve um lucro líquido 25% menor no segundo trimestre deste ano, de R$ 106,6 milhões. A queda está relacionada principalmente ao desempenho da divisão de concessionárias, que foi afetado por fatores macroeconômicos e teve as vendas deslocadas para a segunda metade do ano. "Demorou para sair o Plano Safra, o preço da soja caiu, o produtor também estava esperando os juros caírem... É um efeito temporário", diz Gustavo Couto, CEO da Vamos, ao EXAME IN.

A expectativa da companhia é que a recuperação da divisão já possa ser vista dentro do segundo semestre deste ano. Nos três meses encerrados em junho, a receita líquida da unidade de negócios de concessionárias foi de R$ 642,4 milhões, queda de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda da divisão foi de R$ 34,5 milhões, queda de 65% em relação ao segundo trimestre de 2022.

Além desse efeito,  a companhia teve uma concentração de despesa financeira no trimestre, de R$ 409,6 milhões, mais do que o dobro do mesmo período do ano passado. A alavancagem, no período, foi de 3,58 vezes, um patamar que não deve ser mantido daqui para frente, segundo o CEO.

"A gente fez um movimento estratégico de antecipar compra de caminhão porque sabíamos que, depois da pandemia, haveria aumento de preços. Esses pagamentos terminaram no mês de junho e, como vimos, houve uma valorização de 46%. Além disso, fizemos um follow-on em junho, que injetou R$ 841 milhões na companhia, e contamos com uma geração de caixa muito forte para o restante do ano, fatores que devem contribuir para a desalavancagem", diz Couto.

O reforço na estrutura de capital da empresa com a nova emissão de ações também visa garantir fôlego para que a companhia dê conta da compra de caminhões que vai ter de realizar em 2024. "Há uma oportunidade muito grande a ser aproveitada", diz o CEO. Há um ano, a empresa tinha 33 mil equipamentos, sendo que 26 mil deles estavam alugados. Hoje a companhia tem 45 mil equipamentos, 38 mil alugados.

Aluguel de caminhões: divisão segue com pé no acelerador

Apesar do desempenho mais fraco em vendas de caminhões, a Vamos teve um trimestre de pé no acelerador na unidade de negócios relacionada ao aluguel de caminhões. A divisão bateu um novo recorde no período, com receita líquida de R$ 773,1 milhões, alta de 73,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

"Como os contratos de locação têm prazo de cinco anos, isso já constrói uma base relevante de crescimento para o futuro. No primeiro semestre inteiro, contratamos R$ 3 bilhões em receita nessa divisão, demonstrando que a nossa trajetória de crescimento continua", diz Couto.

O total representa mais da metade da receita da companhia inteira no período, de R$ 1,4 bilhão, aumento de 22,5% ante a comparação anual. 

Mais do que aumentar o tamanho da companhia, a divisão de locação também é uma importante geradora de rentabilidade. A margem Ebitda dela, isolada, é de 89%, o que colaborou para impulsionar a margem Ebitda da companhia toda nos três meses encerrados em junho.

A geração de caixa (Ebitda) da Vamos, no período, cresceu 47,6%, para R$ 664,8 milhões. Destes, R$ 662,1 milhões vieram da divisão de locação de veículos -- uma cifra que aumentou 79% em relação ao mesmo período do ano passado.

Por último, a divisão de seminovos teve uma receita de R$ 123,7 milhões no trimestre, quase dobrando em relação ao mesmo período do ano passado. A margem bruta foi de 34% na venda dos ativos.

O estoque de ativos novos somou R$ 2,3 bilhões, valorização de 46,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Hoje, são 45,2 mil veículos na frota, aumento de 33% em relação ao segundo trimestre de 2022.

Às vésperas de entrar no índice Ibovespa, a companhia acredita que o segundo semestre será um período mais aquecido para crescimento. "Estamos confiantes em uma demanda maior no período e muito felizes com a expectativa de inclusão no índice a partir de setembro. Isso deve trazer demanda adicional pelo papel, algo que já começamos a perceber com o follow-on", diz Couto.

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