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Log vende ativos, arruma a casa e vê lucro saltar 90% no 1º tri

Companhia de galpões logísticos quer investir R$ 900 milhões em 2024, com todos os recursos vindos de reciclagem do portfólio; a projeção é de construir 500 mil metros quadrados no ano

Log: cada metro quadrado vendido permite construir 1,5 metro quadrado, diz CEO

Foto: Divulgação/ LOG (LOG/Divulgação)

Log: cada metro quadrado vendido permite construir 1,5 metro quadrado, diz CEO Foto: Divulgação/ LOG (LOG/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 24 de abril de 2024 às 19h20.

Última atualização em 25 de julho de 2024 às 15h38.

Depois de ver sua alavancagem saltar, a Log Commercial Properties, empresa de construção e gestão de galpões logísticos da família Menin, começou a arrumar a casa: fez recorde de venda de ativos e reduziu significativamente os investimentos. No primeiro trimestre deste ano, a alavancagem chegou a 2,61x contra a 2,79x do mesmo período do ano passado.

O indicador no entanto já está bem mais baixo, a 0,81x, graças ao movimento mais recente de reciclagem de ativos em 19 de abril, com as vendas dos ativos LOG Betim e LOG Salvador por pouco mais de R$ 500 milhões. Mais do que reduzir a alavancagem, a entrada desses novos recursos no caixa é o que vai financiar novos investimentos, estimados em R$ 900 milhões em 2024.

A venda de ativos , que somou R$ 1,7 bilhão em 12 meses, tem impacto inicial na receita. Foi o que se viu na primeira linha do balanço, com uma queda de 19% na receita líquida, para R$ 53,84 milhões. A receita da companhia vem da locação dos galpões. Se há menos ativos no portfólio, a receita cai.

No entanto, a reciclagem de ativos e o trabalho de deixar a operação mais ajustada ajudou o lucro da companhia saltar 90%, para R$ 55,3 milhões.  "Tem impacto inicial na receita, mas ajuda a ter novos negócios", diz Sérgio Fischer, CEO da Log. Apesar da queda de receita, a empresa encerrou o período com uma vacância de apenas 0,91%.

Em 2024, a Log que entregar 500 mil metros de área bruta locável (ABL), um recorde histórico e um quarto do que projeta todo o setor para o ano. A ambição grandiosa faz parte do plano anunciado no fim do ano pela companhia de entregar 2 milhões de metros quadrados de ABL em quatro anos.

"Há muita demanda ainda a ser entregue em todo o país. A demanda por galpões está perto do consumo não da Faria Lima. Tem cidades grandes com parque logístico ainda muito ruim", diz. Estudos do setor apotam que apenas 30% de todo o parque de galpões logísticos do país são de melhor qualidade.

A empresa mapeou 22 cidades -- de todas as regiões do país -- com mais de 1 milhão de habitantes e onde há demanda latente por galpões logísticos.

A venda mais recente de ativos reforçou para a empresa a percepção de uma demanda aquecida dos fundos imobiliários logísticos. À medida que a Selic vem caindo e se aproxima do dividend yield dos fundos (que ficou entre 8% e 9% no último ano), a necessidade de reposição de portfólio cresce. "Está cada vez mais aberto o mercado para novas captações e compras de novos ativos. Estamos sentindo isso na pele. E isso tem se refletido no preço das compras", diz.

Na transação dos ativos dos galpões de Betim e Salvador, acompanhia vendeu 138 mil metros quadrados de ABL a R$ 509,7 milhões a um fundo imobiliário gerido pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), alcançando uma margem bruta de 40,9%. "Para cada metro quadrado vendido, conseguimos construir 1,5 metro quadrado", completa Fischer.

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