Exame IN

Locaweb: após novas compras, administradores têm 1,3% da empresa

Executivos e conselheiros exerceram compras de ações a R$ 1,75 e R$ 2,50 por papel em julho

 (Cauê Diniz/B3/Divulgação)

(Cauê Diniz/B3/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 3 de agosto de 2021 às 11h58.

Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 09h53.

O mês de julho foi mesmo de exercício de opções pelos executivos da Locaweb, a companhia de soluções para e-commerce que listou ações na B3 em fevereiro do ano passado avaliada em R$ 2,5 bilhões e que agora já vale R$ 15 bilhões. Depois de conselheiros e executivos venderem R$ 40 milhões em ações ao longo deste ano e despertarem atenção dos investidores, houve uma recomposição da posição desses administradores. O EXAME IN antecipou o tema na semana passada.

Juntos, agora, eles somam quase 1,3% do capital da Locaweb — considerando apenas os conselheiros não controladores. A posição em ações aumentou em 69% de junho para julho, após um investimento somado da ordem de R$ 8 milhões.  Mas é fato: as vendas de participação dos administradores passaram a ser acompanhadas pelo mercado. As informações são divulgadas mensalmente, em um relatório encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O movimento de conselheiros e executivos — de qualquer empresa — é observado de perto porque esses participantes são considerados ‘insiders’ do negócio e, portanto, um parâmetro importante de preço. Em tese, se compram ações, é porque entendem que está barata e se vendem, é porque estariam num preço suficientemente interessante para sair do negócio. Cientes disso, a maioria dos relatórios das empresas sobre isso são "um não evento".

No caso de Locaweb, há um grande incentivo à venda. O preço de compra das ações é extremamente vantajoso para os executivos, pois os programas são muito antigos. Na bolsa, o papel da companhia terminou a segunda-feira, dia 2, em R$ 25,28. As compras pelos administradores ocorreram com preços que variam de R$ 1,75 a R$ 2,50. Ou seja, no mínimo, o capital pode ser multiplicado por dez.

A Locaweb tem planos de opções — e agora de ações — como parte da remuneração dos executivos há mais de uma década. Contudo, a empresa só listou ações na B3 no ano passado. Então, os ganhos dos executivos estavam represados. Em 2020, por exemplo, fora da oferta pública inicial (IPO), os conselheiros colocaram no bolso quase R$ 70 milhões. Será a experiência da Locaweb uma tendência para novatas?

Conforme os documentos da empresa, os planos tem 'vesting', período no qual  executivo passa a ter direito de comprar os papéis, de quatro anos (com liberação de 25% a cada ano), mas a validade dos benefícios é de seis anos. Então, sim, é possível que executivos com "direitos antigos" estejam vendendo seus papéis.

Com as aquisições anunciadas ontem, relativas ao mês de julho, se aplaca em parte a preocupação dos investidores em relação à alinhamento. Porém, ainda paira no ar o desconforto a respeito do que essas vendas significam em termos de preço. Será que os papéis alcançaram um valor jamais imaginado pelos administradores?

O mercado vai buscar uma comparação. Executivos da Meliuz, do Enjoei, da Mosaico, por exemplo, vendem tantas ações quanto vendem os administradores da Locaweb? Eles já tinham planos de opções? Será que é um sinal de que, no fundo, ninguém sabe qual valor dos ativos e que tudo, inclusive as startups, podem ser desruptadas no momento seguinte a sua criação? Ou que, para além do pacotão da Infracommerce que gerou tanto barulho no pré-IPO, os planos de opções das novatas serão esmiuçados.

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