Linx: entre concessionárias, centros automotivos e autopeças, a companhia tem cerca de 3.000 clientes no segmento (Linx/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 22 de julho de 2021 às 12h00.
Última atualização em 22 de julho de 2021 às 12h08.
Resolver todos os problemas de uma empresa com uma única solução é uma missão quase impossível. As startups que se aventuram no universo de software conhecem bem o desafio e já nascem preparadas para se integrar com outras ferramentas usadas pelos clientes. Seguindo a tendência, a gigante Linx, especializada em tecnologia para o varejo, lança sua primeira plataforma aberta, que já nasce permitindo mais de 2.000 conexões.
Em entrevista ao EXAME IN, Renato Lass, diretor do segmento automotivo da Linx, conta que a estratégia é que a abertura seja uma alavanca de crescimento para o negócio. "Queremos estar no maior número possível de estabelecimentos, se oferecemos uma solução fechada, a dificuldade de integração se torna uma barreira", diz o executivo.
O setor automotivo, em que a Linx tem mais de 3.000 clientes, foi escolhido para o lançamento da iniciativa por sua complexidade. Afinal, uma concessionária engloba quatro negócios em um: vendas de peças, serviços, carros novos e usados. Normalmente, essas empresas precisam de diversos sistemas para abarcar todas as frentes de operação e seriam beneficiadas por um software aberto a integrações.
A plataforma, chamada Linx Smart API, está em desenvolvimento há dois anos e foi testada por seis clientes da companhia antes do lançamento oficial. "O objetivo é permitir que o cliente e seus parceiros tenham facilidade para se conectar a nossa plataforma de ERP, sem precisar desenvolver os caminhos do zero", diz o executivo.
O catálogo de conexões ficará disponível no site da Linx para que clientes e outras empresas consultem. Caso alguma companhia cliente queira adicionar uma nova funcionalidade ao seu sistema de gestão, precisará só acionar a Linx, que tem um time disponível para ajudar na parte tecnológica.
Segundo Lass, a novidade abre diversas opções, como a integração de soluções para gerir catálogos para vendas por WhatsApp, automatizar atividades repetitivas, como o lançamento de boletos, e até cotar o preço de financiamentos. A princípio, as integrações mais corriqueiras não serão cobradas dos clientes, mas algumas mais complexas terão o custo de desenvolvimento repassado às empresas.
Nos próximos semestres, a Linx planeja levar o conceito de plataforma aberta para todas as verticais do varejo que atende. "Estamos abrindo nossa base para que outras empresas possam gerar valor e facilitar a vida do nosso cliente. Ninguém vai estar bloqueado, todos terão uma porta de entrada", diz o executivo.
O lançamento da iniciativa acontece cerca de um mês depois que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da Linx pela Stone sem restrições. Não à toa, o movimento de abertura da empresa está de acordo com a visão que a empresa mãe tem para o grupo: ajudar pequenas e médias empresas a vender mais e se digitalizar.
A Stone está tentando se afastar do rótulo de ser somente uma "empresa de maquininhas". Conforme o presidente Thiago Piau afirmou em entrevista ao EXAME IN no fim do ano passado, a Stone é uma plataforma com várias frentes para atender o varejo. Tem infraestrutura, processamento, conta digital, serviços diversos de pagamento e gestão financeira — ou seja, o pacote tem a maquininha, a frente digital, o software e ainda toda a gestão financeira.
A Linx, com cerca de 45% de marketshare, é uma peça importante desse quebra-cabeça e deve receber ao longo dos próximos meses os R$ 500 milhões que a Stone deixou separados para aportes em tecnologia no negócio.
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