Exame IN

Linx: pesquisa mostra que mercado concentra aposta em vitória da Stone

Analista do banco Santander realizou enquete com cerca de 50 gestores de fundos

Alberto Menache, presidente da Linx: penetração no varejo torna negócio atrativo para empresas de adquirência (Germano Lüders/Exame)

Alberto Menache, presidente da Linx: penetração no varejo torna negócio atrativo para empresas de adquirência (Germano Lüders/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 1 de novembro de 2020 às 10h58.

Última atualização em 1 de novembro de 2020 às 11h09.

O Santander fez uma pesquisa para ver a quantas andam as apostas do mercado sobre o desfecho para a disputa entre Stone e Totvs pela Linx. O resultado mostra que, disparada, a fé está em uma vitória da Stone, a companhia de adquirência fundada por André Street e avaliada em 16,2 bilhões de dólares na Nasdaq, o equivalente a 93 bilhões de reais pelo câmbio atual. Só 7% dos entrevistados atribui uma chance superior a 40% de que a Totvs fique com Linx.

O levantamento foi realizado pela analista Maria Tereza Azevedo com cerca de 50 investidores institucionais, independentemente de serem ou não acionistas da Linx. Segundo a enquete, 43% dos participantes atribui uma possibilidade entre 0% e 20% de que haja uma combinação entre as duas companhias de software.

É curioso notar que a percepção individual de cada entrevistado é que o mercado considera uma chance ainda menor para esse cenário.  Para a pergunta “Qual a probabilidade você acha que o mercado atribui de que a Totvs fique com a Linx?”, o resultado é que 57%  responderam entre 0% e 20%.

Presidida por Alberto Menache, que negociou o acordo todo com a Stone quase que sozinho, a Linx tem 42% de participação de mercado na cadeia de varejo, de restaurantes a locadoras de carros, passando por supermercados e drogarias. Por isso, está no centro de uma disputa entre a maior companhia de software de gestão brasileira, a Totvs, e uma empresa do ramo das maquininhas de cartões. Quando a briga pelo ativo começou, valia 4,5 bilhões de reais na bolsa — agora o preço está 40% acima disso.

O outro lado da moeda da percepção registrada pelo Santander. é que o valor da Totvs atual na bolsa — de 15,3 bilhões de reais — não reflete a possibilidade de combinação das companhias. A maioria dos consultados por Azevedo acredita que, se por acaso a empresa fundada por Laércio Cosentino ganhar, será de uma forma que gere valor. Ou seja, sem aumento de preço ou com elevações em bases racionais.

Mais curioso de tudo é que as entrevistas foram realizadas pela analista do Santander antes mesmo de a Stone ajustar sua proposta, na quinta-feira. A companhia fez duas  mudanças principais, negociados pelos conselheiros independentes da Linx. Foi retirada a multa de 112,5 milhões de reais que seria devida pela Linx caso a assembleia no dia 17 não aprovasse a operação.

Além disso, a Stone adotou um incentivo para que a questão se resolva ainda nesse encontro: o pagamento de 0,50 centavos por ação se houver aprovação do negócio na data. A companhia deu um estímulo em dinheiro para que os investidores não peçam a suspensão da assembleia para dar mais tempo de organização à Totvs.

Embora reconheça que a Stone está em uma posição de vantagem na disputa pela Linx, Azevedo não descarta que a Totvs possa ajustar sua proposta até a data da assembleia. A expectativa predominante entre os investidores é que, caso ainda ocorra uma guerra de preços, ela será feita pela Totvs às vésperas do encontro de forma que o oponente tenha menor tempo de reação até a votação. A companhia chegou a admitir publicamente que estudava um aumento de sua oferta, mas até o momento não houve um passo concreto nessa direção.

Na B3, a Linx está avaliada exatamente no valor ofertado pela Stone: 6,3 bilhões de reais. Portanto, mais de 200 milhões de reais acima do valor embutido na proposta da Totvs. As ações estão pouco abaixo do preço atribuído pela companhia de Street: 35,89 reais no pregão ante 35,96 reais da oferta.

Acompanhe tudo sobre:TotvsLinxGovernançaStone

Mais de Exame IN

Fim do 'shutdown' não resolve apagão de dados, diz Meera Pandit, do JP Morgan

Avon podia ter salvado Natura do tombo, mas ainda não estava pronta

BTG Pactual bate novos recordes no 3º trimestre e lucra R$ 4,5 bilhões

Nem Cook, nem Musk: como Huang, da Nvidia, virou o maior aliado de Trump