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JP Morgan rebaixa ações do MELI por 'pressões de curto prazo'; ação cai 5%

Após rali de 60% nos últimos 12 meses, banco vai na contramão do consenso e retira recomendação de compra, vendo margens pressionadas por cartões e expansão logística

Inaugurações de CDs pressionaram a linha de custos e reduziram margens no negócio de varejo (Leandro Fonseca/Exame)

Inaugurações de CDs pressionaram a linha de custos e reduziram margens no negócio de varejo (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 12h22.

Última atualização em 2 de outubro de 2024 às 13h13.

Depois de um forte rali das ações do Mercado Livre de mais de 60% nos últimos 12 meses (30% só neste ano), o JP Morgan rebaixou a recomendação de compra para 'neutro'.

O preço-alvo foi mantido em US$ 2.400, o que ainda representa um prêmio de 16% sobre o fechamento de terça-feira. Mas o corte na recomendação fez os papéis caírem mais de 5% na Nasdaq na manhã desta quarta-feira.

"As ações estão bem valorizadas, e a maioria dos investidores as considera devidamente precificadas", diz o time do banco americano — o único, agora, a não recomendar compra da ação.

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Para superar as expectativas do mercado, a gigante do e-commerce teria que conseguir números ainda mais impressionantes nos resultados, o que os analistas do JP Morgan consideram improvável. O banco está em linha com as projeções de mercado para o crescimento de 1% da receita, mas estima um lucro líquido 15% menor do que o consenso para 2025.

A decisão tem mais a ver com o curto prazo do que com o horizonte mais distante. Isso porque a equipe se diz "construtiva com a tese", apostando no crescimento do e-commerce e nas oportunidades de digital banking no longo prazo.

No entanto, as novas medidas para continuar crescendo devem trazer consigo algumas dores. Uma delas é o avanço da oferta de cartões de crédito pelo Mercado Pago, a fintech do Meli.

Embora o cartão seja essencial para escalar o negócio de banco digital e aumentar a relevância, o JP Morgan acredita que a pressão de curto prazo dessa expansão é a redução muito intensa dos spreads da operação, que são mais difíceis de serem compreendidos (e bem-aceitos) pelos investidores.

O aumento substancial da capacidade logística também pressionar as margens e reduzir o lucro da companhia. Apenas no Brasil, seu maior mercado, o Mercado Livre pretende dobrar sua estrutura logística, passando de dez centros de distribuição para 21 ao fim de 2026.

Seis centros de distribuição serão inaugurados ainda neste ano, como parte do montante de R$ 23 bilhões de investimentos anunciados pela companhia em abril. Outros cinco CDs serão inaugurados ao logo do próximo ano, fazendo parte do orçamento que a companhia ainda está definindo.

"Embora tenha sido indicado no evento Meli Experience que as margens não devem ser pressionadas pelo aumento da logística, entendemos isso mais como uma orientação de longo prazo, com a abertura de cinco novos centros somente no terceiro trimestre provavelmente gerando um aumento de custo no curto prazo", diz o relatório.

O Mercado Livre acumula alta de 28% em 2024, com valor de mercado de US$ 99,90 bilhões.

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