Exame IN

Johnson & Johnson faz aposta de US$ 15 bi em saúde mental

Farmacêutica vai fazer desembolso bilionário para adquirir a Intra-Cellular Therapies, reforçando seu portfólio de tratamentos para transtornos mentais e neurodegenerativos

Johnson & Johnson: mais de 1 bilhão de pessoas convivem com transtornos neuropsiquiátricos ou neurodegenerativos no mundo (David Benito/Getty Images)

Johnson & Johnson: mais de 1 bilhão de pessoas convivem com transtornos neuropsiquiátricos ou neurodegenerativos no mundo (David Benito/Getty Images)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 20h01.

Enquanto boa parte da atenção da indústria farmacêutica está voltada para a corrida pela liderança nos medicamentos para obesidade com Ozempic e cia, a Johnson & Johnson fez uma aquisição bilionária de olho em outro mercado que ganha relevância em todo o mundo. A farmacêutica anunciou a aquisição da Intra-Cellular Therapies, empresa focada no desenvolvimento de terapias para transtornos do sistema nervoso central.

O negócio, avaliado em US$ 14,6 bilhões, inclui o Caplyta (lumateperona), medicamento inovador aprovado para o tratamento de esquizofrenia e depressão bipolar, além de uma promissora linha de pesquisas clínicas.

SAIBA ANTES: Receba nossos INSIGHTS em primeira mão pelo Whatsapp

A aquisição reforça a estratégia da Johnson & Johnson em capturar oportunidades no crescente mercado global de medicamentos para saúde mental, que tem visto aumento na demanda devido às altas taxas de diagnósticos de transtornos psiquiátricos e ao envelhecimento da população.

Segundo estimativas, mais de 1 bilhão de pessoas convivem com transtornos neuropsiquiátricos ou neurodegenerativos no mundo. Nos EUA, só o transtorno depressivo maior afeta 21 milhões de adultos.

A empresa destacou que o Caplyta tem potencial de gerar mais de US$ 5 bilhões em vendas anuais no pico e pode se tornar o novo padrão de cuidado em transtornos como depressão maior (MDD) e sintomas depressivos associados ao transtorno bipolar I e II. O medicamento também é aprovado como terapia auxiliar com lítio ou valproato.

O Caplyta é o primeiro e único tratamento aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, a Anvisa dos EUA) para depressão bipolar I e II como monoterapia ou terapia combinada. Estudos clínicos também apontam seu potencial como terapia auxiliar para transtorno depressivo maior, com melhora significativa nos sintomas depressivos em relação ao placebo.

O portfólio adquirido inclui também o ITI-1284, um composto em Fase 2 para transtorno de ansiedade generalizada (GAD) e psicose relacionada ao Alzheimer. Além disso, há estudos clínicos em andamento para bipolaridade com episódios maníacos e prevenção de recaídas em esquizofrenia.

Mas, ainda que seja estratégica, aquisição seja uma jogada estratégica, analistas alertam para possíveis entraves regulatórios. Para Jeff Jonas, da gestora Gabelli Funds que acompanha , o acordo pode enfrentar desafios junto à Comissão Federal de Comércio (FTC, o Cade deles), dada a sobreposição entre o Caplyta e outros medicamentos da J&J em esquizofrenia e depressão. “Embora os mecanismos de ação sejam diferentes, o mercado pode considerar que a aquisição reduz a concorrência,” diz.

A conclusão da transação é esperada para o final de 2025, sujeita às aprovações regulatórias e dos acionistas da Intra-Cellular Therapies.

Acompanhe tudo sobre:Johnson & JohnsonSaúde

Mais de Exame IN

Na contramão: Por que o Citi ainda aposta numa guinada dovish do Fed

Em nova fase com Ads, CRMBonus quer quadruplicar em três anos – e traz ex-F.biz Paulo Loeb

O efeito Ozempic vai chegar ao consumo de álcool? É a tese do ‘Buffett inglês’

Na roleta do ‘contrarian’ da Gavekal, Brasil vai evitar crise fiscal e o real terá reviravolta