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Jive quer dobrar de tamanho em crédito privado – além do distressed

Gestora quer captar mais R$ 1,5 bilhão reforçando principalmente a aposta em infraestrutura

Serhan: Foco em empresas que tem algum grau de dificuldade de acesso a bancos (Jive Investments/Divulgação)

Serhan: Foco em empresas que tem algum grau de dificuldade de acesso a bancos (Jive Investments/Divulgação)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 22 de setembro de 2023 às 15h25.

Última atualização em 22 de setembro de 2023 às 17h51.

Conhecida por sua atuação em crédito para ativos estressados, a Jive está aumentando sua aposta em diversificação, com uma captação de R$ 500 milhões focada num mercado alguns degraus abaixo na escala de risco: empresas com algum grau de dificuldade financeira, mas boas garantias e capacidade de se recuperar.

Trata-se de uma continuação do trabalho que a gestora vem fazendo desde o ano passado, quando abriu seu primeiro fundo de crédito privado mais tradicional, chamado de BossaNova, que captou R$ 900 milhões.

O plano é dobrar o tamanho da estratégia. O processo de captação deve ser finalizado nos próximos seis meses, segundo Samer Serhan, sócio da Jive. “Tranquilamente, se não aparecer nada anormal no meio do caminho, a gente deve captar mais R$ 1 bilhão para esse tipo de operação ao longo do ano que vem", diz.

Hoje, a Jive tem R$ 17,7 bilhões em recursos sob gestão, distribuídos principalmente na estratégia de special sits – jargão de mercado para ativos de altíssimo risco, que demandam algum tipo de reestruturação -- que consagrou a casa, com R$ 10 bilhões, além dos R$ 5,5 bilhões em real estate, que vieram principalmente a partir da fusão com a Mauá.

O foco é do dinheiro novo é principalmente o setor de infraestrutura, que já concentra 45% do portfólio do BossaNova. Hoje, a alocação do fundo também está dividida em títulos do governo, agronegócio, alimentos e bebidas, bens e serviços, tecnologia, educação, química e financeiro.

“São empresas que estão precisando de capital e têm algum nível de dificuldade de acesso a bancos. A gente consegue fazer operações estruturadas a preços mais elevados, patamar de juros mais alto, para resolver o problema do aperto do fluxo de caixa”, diz Serhan.

A maior parte do portfólio é feita por negócios ‘bilaterais’, em que a Jive e a empresa que precisa de dinheiro fecham a operação, com o fundo sempre tendo uma participação majoritária nos recursos emprestados, de olho em manter o processo de controle do crédito e de decisão. O ponto, aqui, vai além de conhecer as empresas, mas de ter o poder de decisão nas mãos para executar alguma garantia, sempre que necessário. 

É um portfólio concentrado, com 30 ativos no total. “Eu conheço pessoalmente cada um dos créditos, cada uma das operações. Mesmo que essa vertical ganhe escala e essa estratégia passe a ter R$ 5 bilhões, a ideia é sempre ter poucos ativos”, diz Serhan. 

Hoje, o fundo tem como objetivo entregar uma rentabilidade antes do imposto de renda de CDI+4%. 

Em meio à subida dos juros nos últimos anos e um mercado fechado para captações no primeiro semestre, a Jive estima que haverá uma necessidade de R$ 200 bilhões de rolagem de dívida entre o segundo semestre e os primeiros seis meses de 2024. 

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