GPA: desde o início do processo de reestruturação, a bandeira Pão de Açúcar tem consistentemente ganhado participação de mercado, destaca Itaú BBA (GPA/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 31 de maio de 2024 às 13h49.
Última atualização em 31 de maio de 2024 às 14h11.
Em meio ao processo de reestruturação do GPA, a equipe de analistas do Itaú BBA retomou a cobertura da empresa, com recomendação "neutra" – equivalente à manutenção dos papéis – e estabelecendo um preço-alvo de R$ 3,70 por ação até o final de 2024, um potencial de valorização de 19% em relação aos preços atuais.
O tom de cautela da equipe de varejo comandada por Thiago Macruz pesou sobre o papel, que cai 1,61% nesta sexta-feira, 31, para R$ 3,06.
O Itaú BBA reconhece que o GPA está "bem posicionado para um futuro mais promissor", mas diz que as despesas financeiras ainda devem pressionar o balanço da companhia e que não há previsão de que o lucro líquido da empresa entre em território positivo em 2025. O banco estima um prejuízo líquido de R$ 745 milhões neste ano e R$ 206 milhões no próximo.
As iniciativas de reestruturação e o fortalecimento da marca premium, aliados à crescente penetração digital, colocam a empresa em um caminho de recuperação e crescimento, de acordo com os analistas. O GPA é o varejista alimentar com maior penetração digital entre as ações cobertas pelo Itaú BBA, com aproximadamente 12% das vendas realizadas online no primeiro trimestre de 2024, o que lhe dá uma "vantagem competitiva".
O GPA passou por várias transformações nos últimos anos, que levaram a uma estrutura mais enxuta para foco maior em seu negócio principal, incluindo aí a venda da rede colombiana Éxito, da fatia na Cnova e o anúncio de que buscar comprador para seus postos de gasolina.
Desde meados de 2022, a empresa iniciou um plano de reestruturação com o objetivo de impulsionar as vendas, melhorar o Net Promoter Score (NPS) e aumentar a lucratividade com diversas iniciativas, entre elas está o aumento da penetração de alimentos perecíveis, que têm maior margem, no total de vendas.
Essas mudanças já estão mostrando resultados positivos, destaca o relatório do BBA. A administração do GPA conseguiu resolver questões cruciais da estrutura de capital por meio da venda de ativos não essenciais, como imóveis e terrenos e a própria sede, além da oferta subsequente de ações feita em março. Assim, conseguiu fortalecer a posição financeira da empresa e reduzir de 9,8x para 3x a alavancagem da varejista.
O relatório do Itaú BBA destaca a força da marca Pão de Açúcar no segmento premium. Desde o início do processo de reestruturação, a bandeira tem consistentemente ganhado participação de mercado, refletindo um forte reconhecimento de marca e uma percepção de alta qualidade entre os consumidores.
Ainda assim, afirmam que não está claro qual o potencial de crescimento para o segmento premium para além do curto prazo. "O fato de o formato de atacarejo estar evoluindo, com algumas lojas mais focadas em clientes B2C e localizadas em áreas mais centrais, a dinâmica da indústria de varejo alimentar também está mudando", observa o time do BBA.
No ano, o papel do GPA acumula queda de 18%, com valor de mercado de R$ 1,5 bilhão.